Dia Internacional das Mulheres na Engenharia: conheça os avanços e desafios das profissionais que estão transformando o setor

Comemorado em 23 de junho, o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia foi criado em 2014 pela organização britânica Women’s Engineering Society (WES), com o objetivo de fortalecer e celebrar o espaço ocupado pelas mulheres na profissão.
Embora a presença de mulheres na engenharia seja crescente, os desafios estruturais ainda são muitos. Segundo levantamento do Confea (2023), apenas 19% dos registros de profissionais de engenharia ativos no Brasil são de mulheres.
O caminho é marcado pela necessidade de quebrar estereótipos, enfrentar resistências culturais e transformar ambientes que, historicamente, foram desenhados sob uma lógica predominantemente masculina. É o que conta a Gerente de Grupo de Obras, Reijane Ferreira da Silva:
“Senti a necessidade de adotar uma postura mais séria para conquistar credibilidade e respeito. Muitas vezes, precisei desconstruir estereótipos de fragilidade associados às mulheres, mostrando que competência e liderança não têm gênero”, afirma.
Por outro lado, empresas que apostam na diversidade vêm colhendo resultados consistentes. É o que compartilha Reijane ao falar sobre sua trajetória na Construtora Tenda, empresa associada ao Movimento Mulher 360, que oferece programas como a Mentoria Feminina, voltada ao desenvolvimento de profissionais em cargos de coordenação, além de iniciativas como grupos de apoio para mães, licença adicional, salas de lactação e home office no retorno da licença.
“A presença feminina na construção civil tem aumentado bastante, e é inspirador ver mulheres ocupando posições de destaque, especialmente em cargos de liderança. Essas conquistas fortalecem nossa autoconfiança e servem de inspiração para outras mulheres seguirem seus sonhos”, completa.
Além dos avanços internos, ela deixa um recado importante para as mulheres que sonham com uma carreira na engenharia:
“Acreditem no seu potencial e mantenham o foco nos seus objetivos. Não deixem que estereótipos ou obstáculos as façam desistir. Vocês são totalmente capazes de conquistar o que quiserem. O mais importante é não parar de tentar.”
O Dia Internacional das Mulheres na Engenharia, celebrado em 23 de junho, é mais do que uma data. É um lembrete de que a transformação do setor depende de esforços coletivos — das empresas, da sociedade e, sobretudo, da coragem e da potência de cada mulher que escolhe construir esse caminho.
Confira abaixo a entrevista na íntegra.
Como foi sua trajetória até aqui na engenharia civil? Houve momentos em que ser mulher trouxe desafios específicos na sua formação ou carreira?
Minha trajetória na engenharia civil começou logo após o ensino médio, quando entrei no curso Técnico de Edificações. Foi nesse período que percebi que a engenharia era realmente minha paixão, o que me motivou a seguir com a graduação. Atuei como técnica por cerca de três anos antes de iniciar um estágio na Tenda, onde estou há nove anos.
Ser mulher nesse setor trouxe, sim, alguns desafios, especialmente no início da carreira. Senti a necessidade de adotar uma postura mais séria para conquistar credibilidade e respeito. Muitas vezes, precisei desconstruir estereótipos de fragilidade associados às mulheres, mostrando que competência e liderança não têm gênero.
Quais transformações você observa no setor da construção civil em relação à presença e valorização das mulheres?
A presença feminina na construção civil tem aumentado bastante, e é inspirador ver mulheres ocupando posições de destaque, especialmente em cargos de liderança. Essas conquistas fortalecem nossa autoconfiança e servem de inspiração para outras mulheres seguirem seus sonhos, mostrando que podemos liderar com a mesma capacidade que nossos colegas homens.
Na Tenda, tenho a alegria de acompanhar a trajetória de muitas mulheres que hoje veem nas líderes atuais uma representatividade que outras gerações não tiveram.
Você já vivenciou ou presenciou situações de desigualdade de gênero no ambiente acadêmico ou de trabalho? Como lidou com isso?
Pessoalmente não vivenciei situações diretas de desigualdade de gênero, mas sei que essa ainda é uma realidade para muitas profissionais. Ter essa consciência me motiva a atuar para que o ambiente seja cada vez mais justo e acolhedor, garantindo igualdade de oportunidades para todas as pessoas.
Como líder, acredito que é essencial criar um espaço seguro, onde as mulheres se sintam confortáveis para expor seus desafios e se desenvolverem plenamente. Também é nosso papel reforçar a cultura de não tolerância à discriminação e ao assédio. O código de ética da Tenda é muito claro sobre esses temas, e nosso time de compliance atua fortemente para coibir qualquer comportamento inadequado.
Quais iniciativas da Tenda você destacaria como importantes para promover mais equidade de gênero na engenharia e na construção civil?
A Tenda acredita que todas as pessoas merecem seu lugar no mundo e, por isso, trabalha para manter um ambiente inclusivo, onde o desenvolvimento profissional não dependa do gênero.
Além de ações como os grupos de afinidade, sensibilizações e programas de letramento, desde 2022 temos o programa de Mentoria Feminina, voltado ao desenvolvimento de mulheres coordenadoras que buscam avançar na carreira. Esse programa tem dado visibilidade a talentos internos e contribuído para o aumento da presença feminina na gerência, reforçando nosso compromisso com a representatividade na alta liderança. Tive a oportunidade de participar dessa mentoria antes de assumir minha atual posição como Gerente de Grupo de Obras.
Outro ponto importante é o apoio às colaboradoras que conciliam carreira e maternidade. A empresa oferece diversas iniciativas, como grupo de mães para troca de experiências, programa de acompanhamento desde a gestação até os seis meses do bebê, licença adicional opcional (não remunerada), dias extras de home office no retorno da licença, salas de lactação, entre outras ações que demonstram esse cuidado.
Que conselho você daria para meninas e jovens mulheres que sonham em seguir carreira na engenharia?
Acreditem no seu potencial e mantenham o foco nos seus objetivos. Não deixem que estereótipos ou obstáculos as façam desistir. Vocês são totalmente capazes de conquistar o que quiserem — o mais importante é não parar de tentar.
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