“Trazer a experiência da maternidade e paternidade e de como construímos nossas relações em casa para as relações profissionais, pode gerar um ambiente mais saudável e produtivo,” dizem Karina Lara e Julia Gontijo


Em um mercado de trabalho cada vez mais consciente da importância da equidade de gênero e da parentalidade, a Aldeia Consultoria surge como uma peça importante na construção de ambientes corporativos inclusivos e pró-família. Fundada pelo encontro de três mães com experiências diversas, a Aldeia abraça a missão de repensar as relações parentais e sua integração ao ambiente de trabalho.
Em entrevista concedida ao Movimento Mulher 360, Karina Lara e Julia Gontijo compartilham como estão abordando essas questões desafiadoras. Desde a promoção da inteligência emocional até a criação de políticas e práticas inclusivas, a empresa oferece uma gama de soluções voltadas para companhias que buscam não apenas reter talentos, mas também criar culturas organizacionais que valorizem o potencial humano em todas as suas dimensões.
“Como diz o provérbio africano “é preciso uma aldeia inteira para criar uma criança”, reconhecemos que, embora a responsabilidade principal seja dos pais, é dever de todos zelar pelo bem-estar das crianças. A chegada dos filhos e a necessidade de inovação trazem questionamentos e incertezas para todos os envolvidos, sejam as famílias, os colaboradores ou as lideranças, destacando a importância da responsabilidade social e do compromisso com a primeira infância”, contam as executivas.
Confira a conversa na íntegra.
Como a Aldeia surgiu e qual o papel da consultoria na construção de ambientes de trabalho mais inclusivos, especialmente em termos de equidade de gênero?
A Aldeia Consultoria surgiu do encontro de três mães, cada uma com sua área de atuação e experiências distintas (uma na saúde, outra engenheira e uma executiva de recursos humanos), e um desejo comum: promover uma nova perspectiva sobre as relações parentais. Como diz o provérbio africano “é preciso uma aldeia inteira para criar uma criança”, reconhecemos que, embora a responsabilidade principal seja dos pais, é dever de todos zelar pelo bem-estar das crianças.
A chegada dos filhos e a necessidade de inovação trazem questionamentos e incertezas para todos os envolvidos, sejam as famílias, os colaboradores ou as lideranças, destacando a importância da responsabilidade social e do compromisso com a primeira infância.
Quais os serviços oferecidos para as empresas?
Nosso foco é abordar as questões desafiadoras que envolvem as relações parentais e as necessidades do ambiente corporativo, oferecendo conceitos e ferramentas baseados em inteligência emocional, parentalidade positiva, apego seguro, comunicação construtiva e incentivo mútuo. Acreditamos que Organizações, Colaboradores e seus Filhos devem formar uma tríade e progredir juntos. Isso requer a criação de ambientes de trabalho mais inclusivos tanto para mães quanto para todas as mulheres, o que implica em uma comunicação interna eficaz e a adoção de uma abordagem integrativa que considere políticas, práticas e cultura organizacional.
Sabemos que reter talentos após a licença maternidade é um grande desafio para as empresas atualmente. Segundo pesquisa da FGV, 48% das mulheres deixam o mercado de trabalho no primeiro ano após a chegada do filho. Por quê? Porque as mães enfrentam incertezas, inseguranças e outros desafios na criação dos filhos, na gestão da casa e da família, além das demandas do trabalho, equilibrando múltiplas responsabilidades. Portanto, é crucial que as empresas acolham e valorizem a maternidade em todas as suas fases, não apenas pela preocupação com as pessoas, mas também para aproveitar as habilidades adquiridas com a parentalidade: resolução de problemas, liderança, resiliência, flexibilidade, paciência, entre outras.
Atentar-se a esse tema significa reconhecer o colaborador como um ser integral e pertencente, cujo desempenho e resultados da empresa são diretamente impactados pelo seu bem-estar emocional. Com essa visão em mente, desenvolvemos PROGRAMAS CORPORATIVOS para ajudar colaboradores e lideranças a identificar e gerenciar suas emoções, estabelecer vínculos e aprimorar habilidades interpessoais, visando ao autoconhecimento, à segurança, ao engajamento e à produtividade.
Auxiliamos as empresas a se tornarem uma Aldeia, promovendo um ambiente de trabalho onde mães e pais possam prosperar em todas as etapas de sua jornada pessoal e profissional.
Entre nossas soluções, oferecemos programas para gestantes e futuros pais, apoio e cuidados para o retorno ao trabalho após a licença parental, palestras, trilhas de conteúdo, envolvimento da liderança, ações e atividades voltadas para a transformação cultural e o bem-estar parental.
Como as soluções oferecidas podem beneficiar o mercado corporativo, especialmente no que diz respeito aos desafios das relações parentais e à promoção da equidade de gênero?
Falar sobre filhos e organizações tem se tornado cada vez mais necessário. Ter a primeira infância como tema de discussão nas mesas de debate agrega valor, diversidade e impulsiona a mudança cultural. Em 2019, o Instituto Great Place to Work (GPTW) passou a avaliar o comprometimento das empresas com a primeira infância, o que gerou mais atenção e foco nessa questão.
O colaborador não é mais encarado como um ser separado entre família e trabalho, mas sim como um ser humano completo, que tem filhos, família e vida social. Estar bem com os filhos e a família, e ter uma relação de respeito mútuo, conexão e cooperação, proporciona segurança e equilíbrio emocional para pais e mães, tornando-os mais focados e produtivos no cumprimento das metas do trabalho. Pais felizes resultam em colaboradores felizes e completos!
A Aldeia nos convida a transformar as relações, a enxergar os filhos como oportunidades de crescimento e a explorar nossa máxima potencialidade! Trazer a experiência da maternidade e paternidade, e como construímos nossas relações em casa, para o ambiente profissional pode criar um ambiente mais saudável e produtivo. Soluções voltadas para o bem-estar parental contribuem para a construção de ambientes de trabalho mais inclusivos e harmoniosos, estabelecendo uma cultura organizacional que valorize o potencial humano.
Diante da crescente importância de ambientes corporativos mais igualitários, como vocês veem o impacto de suas iniciativas no mercado de trabalho, e qual a relevância específica dessas ações na ascensão profissional das mulheres?
A crescente importância de ambientes corporativos mais igualitários reflete uma mudança de paradigma nas abordagens tradicionais de gestão de recursos humanos. Empresas que buscam promover a igualdade de gênero e criar ambientes mais inclusivos reconhecem os benefícios tangíveis dessa abordagem, não apenas em termos de responsabilidade social, mas também em termos de desempenho organizacional e atratividade no mercado.
A relevância dessas ações na ascensão profissional das mulheres é significativa e impacta de forma muito positiva na cultura da empresa. Destacamos algumas delas:
1 – Programas de conscientização sobre viés de gênero e políticas equitativas ajudam a eliminar preconceitos e estereótipos que historicamente prejudicaram a ascensão profissional das mulheres.
2 – Iniciativas direcionadas ao desenvolvimento profissional das mulheres, como programas de liderança, treinamentos específicos e mentorias, criam um ambiente propício para a construção da equidade.
3 – A maior presença feminina em cargos de liderança serve como inspiração e exemplo para outras mulheres na empresa.
4 – A construção de redes de apoio, tanto dentro da empresa quanto em comunidades externas, é vital para oferecer suporte emocional, orientação e oportunidades de networking para as mães.
Empresas que reconhecem e respondem a essas dinâmicas, adotando políticas que valorizem e apoiem a maternidade, tratando-a como potencializadora e não como um empecilho, estão mais bem preparadas para enfrentar os desafios e oportunidades do mercado.
Considerando a recente determinação do STF sobre a regulamentação da licença-paternidade no Brasil, qual é a perspectiva da Aldeia sobre como essa mudança pode impactar positivamente a equidade de gênero nas dinâmicas familiares e profissionais, e como vocês podem auxiliar as empresas nesse processo?
A regulamentação da licença paternidade nos convida ao diálogo sobre a questão: como exigir e trabalhar por equidade de gênero, se ainda temos a paternidade vista como distinta? A garantia da licença-parental é um direito extremamente importante para o pleno desenvolvimento da criança desde o início da vida e do bem-estar dos pais e famílias como um todo. Além disso, a equalização da licença parental – maternidade e paternidade – contribui para alcançar ambientes de trabalho mais acolhedores e saudáveis.
A ampliação da licença paternidade favorece a criação da conexão e vínculo com a criança desde o nascimento, podendo reduzir índices de abandono paterno e sobrecarga materna, oferecendo suporte e apoio à mulher no momento do puerpério. Contribui também para co-responsabilização do cuidado e papéis parentais sinérgicos e igualitários.
A Aldeia pode auxiliar as empresas nesta pauta, facilitando as conversas, apoiando na construção e desenvolvimento de políticas e práticas parentais, na transformação cultural de ambientes corporativos, curadoria de conteúdos, trilhas e programas de parentalidade. Queremos estar ao lado de movimentos que possuem a missão genuína de ampliar este espaço e unir forças para que juntos possamos ir mais longe.
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