Mesmo na liderança, mulheres ainda enfrentam os desafios de ocupar e permanecer na posição
O avanço das mulheres em posições de liderança representa uma conquista significativa no caminho para a equidade de gênero no ambiente corporativo. No entanto, os desafios não terminam com a chegada a esses cargos. A permanência e a consolidação de seu poder efetivo continuam sendo questões centrais que precisam de atenção.
De acordo com análise recente do Instituto Ethos, muitas mulheres que chegam ao topo enfrentam barreiras para exercer plenamente sua liderança. Fatores como preconceito de gênero, microagressões e expectativas desproporcionais tornam o ambiente corporativo desafiador para quem busca não apenas liderar, mas também transformar a cultura organizacional.
Carine Roos, fundadora da consultoria em diversidade e inclusão Somos Newa, diz que é preciso pensar na inclusão de mulheres em cargos de liderança, e que isso passa por vários aspectos da rotina de trabalho e da organização estrutural das empresas.
Significa refletir, por exemplo, sobre políticas de permanência para mulheres que alcançam cargos executivos e têm filhos, mas também em não isolar líderes em ambientes masculinizados. “Não basta você ter só uma mulher diretora, ela vai terminar saindo, sendo virtualmente expulsa”, afirma a executiva.
O estudo aponta ainda que, para 71% das mulheres líderes entrevistadas, as dificuldades de influenciar decisões estratégicas estão entre os maiores entraves em suas trajetórias. Isso reflete uma realidade em que a ocupação do espaço físico não se traduz automaticamente em poder decisório ou respeito pelas suas contribuições.
Além disso, muitas enfrentam a pressão de conciliar responsabilidades profissionais e pessoais em um cenário onde estruturas de suporte, como licenças flexíveis ou políticas de parentalidade, ainda são insuficientes. Essa sobrecarga reforça a necessidade de um ambiente corporativo mais inclusivo e equitativo.
A mesma lógica se aplica para as mulheres em cargos públicos, como deputadas, senadoras, prefeitas e governadoras. Segundo a professora Malu Gatto, da University College London (UCL) e coautora do livro “Candidatas”, as eleitas têm dificuldade de exercer poder em ambientes que não são apenas predominantemente masculinos, mas também desenhados para homens.
“Existem processos formais, como o fato de que até recentemente no Congresso não existiam regras sobre licença-maternidade, ou a possibilidade de votar durante a licença”, diz a professora. “Mas há também outros informais, como o fato de que os debates muitas vezes acontecem fora do trabalho, em ambientes que as mulheres não estão.”
Organizações que desejam reter e apoiar suas líderes precisam adotar medidas concretas. Programas de mentoria, redes de apoio e capacitação contínua são ferramentas essenciais para enfrentar esses desafios.
Além disso, fomentar um ambiente que valorize a diversidade de perspectivas pode acelerar mudanças culturais e abrir espaço para que as mulheres exerçam plenamente seu potencial.
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