Denúncias de assédio sexual no trabalho crescem 16,8%


O assédio sexual no ambiente de trabalho é uma realidade alarmante que afeta a vida de inúmeras mulheres no Brasil. Dados recentes do Ministério Público do Trabalho (MPT) revelam um aumento de 16,8% nas denúncias desse tipo de violência, passando de 1.281 casos registrados para 1.497.
Esse crescimento expressivo acende um alerta sobre a necessidade de ações contundentes para combater essa prática nociva. O ambiente profissional deveria ser um espaço de respeito e colaboração, onde colaboradores pudessem desempenhar suas funções sem temor ou constrangimento.
No entanto, a realidade mostra que muitas mulheres ainda enfrentam situações de assédio, comprometendo sua saúde mental, desempenho e perspectivas de carreira. A divisão sexual do trabalho, historicamente enraizada na sociedade, contribui para a perpetuação de desigualdades de gênero no mercado de trabalho.
Michelle Heringer, advogada especialista no enfrentamento do assédio no trabalho, explica que o assédio sexual é caracterizado por condutas de natureza sexual indesejadas, que podem ocorrer de forma verbal, não verbal ou física, “criando um ambiente intimidatório, hostil ou ofensivo para a vítima”.
As mulheres são frequentemente direcionadas a ocupações menos valorizadas socialmente, o que pode torná-las mais vulneráveis a situações de assédio e discriminação. Além disso, a diferença salarial entre homens e mulheres que ocupam as mesmas posições é uma realidade persistente.
Essa disparidade não apenas reflete a desvalorização do trabalho feminino, mas também pode ser um fator que inibe denúncias de assédio, já que muitas profissionais temem represálias ou perda de oportunidades dentro das empresas.
“É fundamental registrar provas. Quando se alega a situação de assédio é necessário provar, o que se torna difícil quando falamos desse tipo de violência”, completa Michelle.
A especialista lista as provas mais eficazes:
- Mensagens escritas (e-mails, mensagens de texto, WhatsApp) que demonstrem comportamento inadequado;
- Gravações de áudio ou vídeo, desde que a vítima faça parte do diálogo;
- Testemunhas que possam confirmar a conduta da pessoa assediadora;
- Registro detalhado dos episódios (data, hora, local, contexto e impacto);
- Laudos médicos ou psicológicos, caso haja consequências emocionais ou físicas.
A advogada, que atua nessas causas, avalia que falta punição real e efetiva a quem assedia, que as medidas mais severas desencorajariam condutas abusivas. Além de haver mais mecanismos de denúncia seguros e confiáveis, sem risco de revitimização.
É fundamental que as empresas adotem políticas claras e eficazes de prevenção e combate ao assédio sexual. Isso inclui a implementação de canais seguros e confidenciais para denúncias, treinamentos regulares sobre comportamento ético e a promoção de uma cultura organizacional que valorize o respeito e a igualdade.
A sociedade, por sua vez, deve reforçar a importância de apoiar as vítimas e responsabilizar agressores. Campanhas de conscientização, debates públicos e a inclusão do tema em programas educacionais são ferramentas essenciais para mudar a cultura que ainda tolera ou minimiza o assédio sexual.
O aumento nas denúncias pode ser interpretado como um sinal de que mais mulheres estão rompendo o silêncio e buscando justiça. No entanto, é fundamental que essas denúncias sejam acompanhadas de investigações rigorosas e punições adequadas, garantindo que o ciclo de impunidade seja quebrado.
O combate ao assédio sexual no trabalho exige um esforço conjunto de companhias, governo e sociedade civil. Somente por meio de ações coordenadas e comprometidas será possível construir ambientes de trabalho seguros e igualitários para todas as pessoas.
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Com informações de CNN
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