Como o trabalho remoto impacta mulheres em diferentes fases de suas carreiras
Desde o início da pandemia, o trabalho remoto tem sido visto como uma medida de apoio às mulheres no mercado de trabalho, permitindo conciliar demandas profissionais e familiares. No entanto, os efeitos desse modelo de trabalho variam conforme a fase da carreira.
Exemplo disso são os resultados obtidos em uma pesquisa feita pela Harvard Business Review com mais de mil engenheiras de software de uma empresa Fortune 500. Após ouvir as entrevistadas, ficou evidente que a proximidade física no ambiente de trabalho antes da pandemia facilitava a mentoria. Engenheiras que trabalhavam perto de suas equipes recebiam 40% mais feedback sobre seu código do que aquelas em equipes distribuídas.
A presença física permitia mais interações e perspectivas diversificadas, beneficiando especialmente as colaboradoras juniores em fase de aprendizado intenso. Elas recebiam 51% mais retorno quando estavam perto de seus colegas, essencial para seu crescimento profissional.
Por outro lado, engenheiras seniores, que já tinham mais experiência, mostravam-se sobrecarregadas pela proximidade. Elas forneciam 28% mais feedback quando estavam próximas de suas equipes, resultando em menor produção de programas por mês. Esse trabalho de mentoria muitas vezes não é reconhecido, afetando a progressão salarial dessas profissionais.
Nos engenheiros, a proximidade física impactava menos na quantidade de feedback recebido e fornecido, mostrando que a disposição para pedir esclarecimentos é menos afetada pela distância física.
A pesquisa revela que o trabalho remoto pode ser benéfico ou prejudicial dependendo do estágio da carreira das mulheres. Para colaboradoras juniores, o home office pode dificultar o treinamento prático, enquanto para as seniores, pode aumentar a produtividade, pois têm menos necessidade de dar feedback constantemente.
Esses impactos dependem de práticas de gestão e sistemas de recompensa. Reconhecer e recompensar a mentoria de alta qualidade pode garantir que colaboradoras juniores recebam uma formação excelente mesmo à distância, e que mulheres mais experientes sejam devidamente valorizadas pelo seu papel de mentoras.
“Os impactos do trabalho remoto que documentamos não são imutáveis. Dependem de práticas de gestão e sistemas de recompensa. Se a prestação de formação ponderada e de alta qualidade aos colegas juniores for claramente reconhecida e recompensada – em vez de cair na categoria de trabalho invisível que as mulheres muitas vezes fazem por pouca recompensa – as mulheres juniores poderão receber uma excelente formação mesmo à distância, e as mulheres mais experientes poderão ser mais bem recompensadas pela mentoria presencial que oferecem”, explicam Natalia Emanuel, Emma Harrington e Amanda Pallais, responsáveis pelo estudo.
Com informações de Infomoney
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