Mulheres lideram os casos de burnout, revela pesquisa


Uma pesquisa recente mostra que as mulheres dominam os atendimentos de burnout no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo os dados apresentados, no ano passado, foram contabilizados 3.567 procedimentos ambulatoriais relacionados a transtornos mentais ocupacionais. Deste total, 2.579 atendimentos foram para mulheres e 988 para homens, conforme informações do Ministério da Saúde.
Em 2022, os números eram 1.655 atendimentos para mulheres e 880 para homens, somando 2.535 no total. Especificamente para burnout, em 2023, houve 393 atendimentos, sendo 282 para mulheres e 111 para homens. No ano anterior, foram registrados 227 atendimentos no total, com 164 para mulheres e 63 para homens.
A carga excessiva de trabalho, a dupla jornada e a pressão constante para equilibrar vida pessoal e profissional têm contribuído significativamente para o aumento dos casos de burnout entre as mulheres. Essa situação é particularmente preocupante em áreas como saúde, educação e serviços, onde a predominância feminina é maior.
A psicóloga Adriana Ramalho, especialista em saúde ocupacional, explica que “as mulheres enfrentam uma pressão extra para desempenhar múltiplos papeis, resultando frequentemente em um esgotamento físico e emocional intenso.” Ela ainda reforça a necessidade de políticas públicas e empresariais que promovam um ambiente de trabalho mais saudável e equilibrado.
Para Luisa Jötten, mestre em psicologia pela USP, “as mulheres sofrem mais com burnout porque são elas que suportam grandes responsabilidades. Elas são ensinadas a não reclamar, não pedir ajuda e a sempre oferecer auxílio.”
Thárin Radín, de 35 anos, servidora pública do Tribunal de Contas do Estado de Roraima (TCE-RO), relata que durante a pandemia, teve que cuidar sozinha de sua avó e mãe, além de manter seu emprego formal. Ela relembra a dificuldade em reconhecer os sintomas de burnout.
“Eu deixei de perceber necessidades fisiológicas básicas, como beber água, comer ou ir ao banheiro. Comecei a ter insônia, algo que nunca tive antes”, conta Thárin. “O que me alertou sobre a gravidade da situação foi o surgimento de várias bolhas pelo corpo.”
O que é burnout?
É um distúrbio emocional causado por condições de trabalho extenuantes, que exigem alta competitividade ou grande responsabilidade.
Entre os principais sintomas, destacam-se:
- Cansaço físico e mental extremo
- Mudanças no apetite
- Insônia
- Dores de cabeça frequentes
- Sentimento de fracasso e insegurança
- Isolamento social
- Fadiga
Como tratamento, é recomendado buscar psicoterapia, promover mudanças nas condições de trabalho, alterar os hábitos e estilos de vida e, para alguns casos, também pode ser necessário o uso de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos. Por isso, é muito importante buscar ajuda profissional para entender qual tratamento é o mais adequado.
Burnout ou cansaço?
Para os casos de cansaço, nota-se melhoria significativa após o descanso. O mesmo não acontece quando se trata de burnout. A situação não se resolve apenas com descanso ou férias e exige mudanças no estilo de vida e no ambiente de trabalho para ser tratado de forma eficaz.
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