Menopausa: estudo revela que apoio vindo de lideranças femininas e masculinas em empresas são quase iguais
A consultoria global de gestão organizacional Korn Ferry, em parceria com a empresa de saúde digital, Vira Health, realizou pesquisa global com mais de 8.000 mulheres para entender o papel da perimenopausa e menopausa no ambiente de trabalho. O estudo “Compreendendo o Papel da Menopausa no Trabalho e nas Carreiras” objetiva ter insights mais aprofundados sobre a relação entre as experiências de mulheres nessa fase, avaliando que, atualmente, estão vivenciando ou já vivenciaram essa mudança hormonal durante a vida profissional ativa.
Até o ano de 2025, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo inteiro terão de lidar com a menopausa, segundo o National Institute on Aging (NIA). Na pesquisa, a Korn Ferry abordou questões acerca de experiências, sintomas e fatores relacionados ao ambiente de trabalho, como apoio percebido, absenteísmo, rotatividade, desempenho profissional e resultados relativos à progressão de carreira.
O primeiro destaque dos dados está na semelhança de resultados das pessoas que relataram apoio ao ciclo de vida por meio de suporte de uma pessoa gestora, independentemente de seu gênero. O resultado foi que os níveis de apoio percebidos da parte dessas lideranças femininas ou masculinas foram praticamente iguais (37% mulheres e 35% homens, respectivamente).
A sócia e líder da prática de transformação da consultoria Korn Ferry, Adriana Rosa, pontua que o dado pode direcionar para uma quebra de paradigma sobre a rede de apoio ser totalmente feminina. “Um ponto que chamou atenção é que independentemente do gênero, o apoio oferecido por líderes tenha efeito igualmente relevante. Isso é um ponto de atenção que a pesquisa traz sobre empatia no mercado de trabalho e pode ser base para estudos em equidade, aprimoramentos na aquisição e retenção e desenvolvimento de talentos”, conta.
Apesar disso, a maioria das entrevistadas que afirmou ter discutido (ou estar disposta a discutir) sua experiência com a perimenopausa ou menopausa com sua gestão direta demonstrou preferência significativa pela gestão feminina (46%), em comparação com a gestão masculina (33%).
Suporte internos
A criação de uma rede de apoio é uma das formas de colaborar e compreender a menopausa. A amostra identificou que a maior fonte de suporte veio fora do mundo corporativo, com 39% das entrevistadas relatando ter amparo social fora do trabalho, e apenas 26% disseram ter recebido incentivo de políticas e programas formais na empresa.
Ainda assim, outro dado mostra sobre o suporte interno, com amizades de colegas da empresa. A maioria das entrevistadas (70%) afirmou que diálogos sobre a menopausa eram tidos com seus próprios colegas de trabalho; 27% das conversas eram direcionadas à gerência sênior e, somente 37%, eram bate-papos com colaboradores do RH.
“Quando notamos que apenas 37% das mulheres tiveram conversas sobre o tema com recursos humanos, que é o principal espaço de pluralidade, apoio e incentivo, desperta-nos uma curiosidade. Será que o RH pode ser mais sensível ao tema e se tornar um espaço de acolhimento natural e bem preparado para essas ações? Ou será que por um tabu não se parou para pensar sobre a importância deste grupo na dinâmica organizacional. Uma ideia seria trazer mais luz sobre o entendimento de sua demografia, uma comunicação mais assertiva e fortalecer uma cultura inclusiva, criando programas mais estruturados de diálogo, reflexão e apoio, que sejam mais personalizados”, alerta Adriana Rosa.
Quais são os reflexos corporativos?
Os sintomas da menopausa podem trazer desconfortos corporais, psicológicos e questões íntimas, além da possibilidade de refletir nas tarefas de trabalho. Ao menos 40% das mulheres entrevistadas relataram ter seis ou mais sintomas diferentes que impactaram seu desempenho e quase metade (47%) experimentou ocorrências deste ciclo natural feminino que afetaram sua vida e desempenho profissional.
Os efeitos mais relatados foram os físicos, entre dificuldade para dormir (61%) e estar cansada ou com pouca energia (60%). As entrevistadas ainda relataram alta gravidade em muitos dos sintomas psicológicos, como irritabilidade (54%), ansiedade (50%), além de sintomas vasomotores, como ondas de calor e sudorese noturna (50% em ambos).
A pesquisa se concentrou em compreender as consequências desses aspectos e os impactos de forma mais abrangente. Por isso, foram feitas perguntas específicas sobre a progressão na carreira das mulheres. Os resultados mostraram que, aproximadamente, 12% e 18% das entrevistadas mencionaram que seus sintomas tiveram resultado em seu aumento salarial, cargo de liderança, bônus, desenvolvimento pessoal, treinamento, promoção e seleção e contratação para um cargo. A causa mais relatada foi a conexão entre os efeitos e a progressão de salário (18%), seguido da obtenção de um cargo de liderança (15%).
Como as mulheres percebem a menopausa?
Os efeitos, devido os comportamentos hormonais, possíveis síndromes físicas e psicológicas, além de algumas outras reações que este último ciclo menstrual proporciona pode ter caráter personalizado, de acordo com estilo de vida e outros contextos pessoais de cada mulher.
Sendo assim, a amostra buscou entender, por meio do questionamento “Qual expressão melhor descreve sua experiência geral com a perimenopausa e menopausa?”, a melhor forma de analisar os sentimentos que acompanham essa síndrome.
Os resultados explorados mostraram que mais de 39% das entrevistadas relataram ser receptivas em relação à menopausa, mais de 23% sentiram-se neutras e apenas 9% expôs otimismo. Há o destaque, ainda, para a proporção menor das mulheres que expuseram preocupação (17%) ou receio (7%).
Pensando na experiência das mulheres com a menopausa, mas com uma percepção mais direcionada para os impactos positivos e negativos no mercado de trabalho, a pesquisa identificou que as entrevistadas registraram porcentagens mais altas em fatores desfavoráveis de seus sintomas no meio corporativo.
O dado revela que 30% ou mais das entrevistadas concordaram plenamente que se sentiam mais estressadas e menos concentradas e impacientes no trabalho por causa de seus sintomas. A percepção positiva, mesmo que em porcentagem baixa, mas ainda assim substancial, foi um aumento de consciência pessoal (24%), seguido de engajamento profissional e autonomia (ambos com 15%).
Absenteísmo e rotatividade
As comorbidades, entre outros fatores relacionados às questões de saúde e vida pessoal, impactam na vida de qualquer colaboradora ou colaborador há décadas, e isso se indefere de questões de gênero. Algumas doenças ou complicações, por exemplo, são mais compreensíveis quando o assunto é absenteísmo. Mas, como é o caso das mulheres quando estão com os sintomas deste último ciclo menstrual e precisam se afastar?
O estudo da Korn Ferry também se debruçou em identificar até que ponto mulheres estão faltando ao trabalho ou desistindo do emprego por causa dos sintomas da perimenopausa ou menopausa. O resultado mostrou, com destaque maior, que 49% das entrevistadas não faltaram nenhum dia da empresa, mas em contraponto, porém em quantidade menor, 28% disseram que já se ausentaram alguns dias.
Quando o assunto é abandonar o emprego e, consequentemente, o turnover que isso pode causar para empresas, a amostra mapeou que 72% não pensaram em desistir do trabalho devido aos sintomas decorrentes da perimenopausa e menopausa, mas há aquelas que disseram que não abandonariam suas vagas, apesar de já terem pensado nisso (15%). E, com número relativamente baixo, porém expressivo, 13% afirmaram que sim, deixariam o trabalho.
O estudo também trabalhou a hierarquia dos cargos e como isso interfere nas faltas devido aos sintomas desse ciclo menstrual. Sendo assim, as mulheres em competência de nível executivo e liderança sênior e gerenciais registraram porcentagens mais altas sobre não comparecer ao trabalho por mais de uma semana, sendo 28% de executivas seniores e 31% de líderes também seniores em comparação com 13% de contribuidoras individuais ou trabalhadoras de linha de frente.
No aspecto de desistências de seus empregos, a amostra constatou que 28% de executivas seniores tiveram essa atitude, seguidas pelas 16% da liderança seniores em comparação com 9% de contribuidoras individuais e 7% trabalhadoras de linha de frente.
A sócia e líder da prática de transformação da consultoria Korn Ferry, Adriana Rosa, explica a importância desse estudo. “Embora a menopausa seja uma transição normal da vida e não seja vista de forma negativa em nossa amostra, é importante explorar as dificuldades dos sintomas associados que podem gerar impactos na rotina das pessoas. Notadamente, há cuidados que as organizações precisam ter com uma certa urgência, considerando que há um grupo relevante de mulheres ativas em suas funções, garantindo melhor aproveitamento de suas fortalezas e capacidades. E vamos lembrar que menopausa é justamente uma pausa, momento de respiro, e calma. O mundo dos negócios em transformação precisa contemplar este elemento em sua cultura se quer seguir inovando e se transformando”, finaliza.
Confira os resultados completos da pesquisa em https://bit.ly/3PKqsx9.
Com informações de assessoria de imprensa.
Leia mais
Pesquisas da PwC revelam desafios persistentes para equidade de gênero no mercado de trabalho
Mulheres de todas as idades enfrentam etarismo em cargos de liderança