Projeto busca empoderar economicamente mulheres refugiadas no Brasil
A ONU estima que existam cerca de 60 milhões de refugiados no mundo. Em muitos momentos, eles encontram dificuldades para se inserir no mercado de trabalho no novo país em que vivem, principalmente as mulheres. “O número de mulheres refugiadas tem crescido muito, e elas vêm principalmente para São Paulo”, disse Vanessa Tarantini, responsável por oportunidades de engajamento da Rede Brasileira do Pacto Global da ONU.
E é em São Paulo que o projeto Empoderando Refugiadas, criado pela Rede Brasileira, como iniciativa do Grupo Temático de Direitos Humanos e Trabalho, tem buscado oportunidades para um grupo de mulheres de diferentes países (Nigéria, Camarões, Colômbia, Síria, entre outros). O objetivo é empoderá-las economicamente e acabar com o preconceito das empresas em relação à sua contratação.
Ao todo, são 20 mulheres sendo acompanhadas por diversos parceiros: Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), ONU Mulheres, Cáritas, Programa de Apoio para a Recolocação dos Refugiados (PARR), Fox Time, Itaipu e Lojas Renner. As mulheres apoiadas participam de workshops (planejamento financeiro e profissional, direitos como refugiadas, mulheres e trabalhadoras e habilidades práticas para melhorar o português). Além disso, elas têm recebido sessões de coaching – por meio da parceria com a consultoria com a Fox Time – e articulação com futuros empregadores.
“Muitas empresas não sabem, mas elas podem contratar as mulheres refugiadas com o protocolo provisório de refúgio. A mensagem que queremos passar é a de que elas têm o direito de trabalhar e de ser integradas na sociedade. Os parceiros do projeto se comprometeram em acompanhá-las até que elas fiquem independentes financeiramente. Para aquelas que já têm emprego, buscamos qualificá-las para que melhorem de vida. A ideia é empoderá-las para que consigam emprego por elas mesmas”, afirma Vanessa.
Possibilidades
Segundo Vanessa, o Brasil tem uma das melhores leis de acolhimento para refugiados. As empresas podem ajudar na integração das mulheres refugiadas logo no primeiro momento em que chegam ao País. “Nós sensibilizamos os empregadores para que flexibilizem os processos de admissão dessas mulheres que chegam aqui com perfis variados, dispostas a recomeçar e a contribuir para o crescimento das organizações. Elas podem agir de forma proativa, abrindo as suas portas, dando acesso aos próprios programas de inclusão; diminuir a burocracia e, no mínimo, não discriminar”, detalha Vanessa.
O foco atual do projeto é no primeiro grupo de 20 mulheres. Vanessa afirma que existe a vontade dos parceiros de replicar o projeto em maior escala para colaborar também com os homens refugiados.
Reconhecimento
Dentro do Pacto Global da ONU, em Nova Iorque, o projeto é considerado um case por ter conseguido mobilizar diversas instituições no mesmo objetivo. “Além disso, vamos participar do evento mundial Women Empowerment Principles, também como case. Vou apresentar o projeto Empoderando Refugiadas na perspectiva do Pacto Global”, conta Vanessa.