Casos de violência contra a mulher quase dobram durante a quarentena
O número de mulheres assassinadas em São Paulo, dentro de suas casas, quase dobrou nesse período de quarentena e distanciamento social, se compararmos com o mesmo período de 2019. A análise foi feita pelo jornal Folha de S. Paulo, com base nos boletins de ocorrência registrados no estado.
Os boletins mostram uma porcentagem significativa daquelas que foram mortas pelos próprios parceiros, mas os números reais tendem a ser maiores, já que a relação da vítima com o agressor não é registrada em 95% dos casos.
Um levantamento do Ministério Público de SP publicado nesta semana mostra que os pedidos de medidas protetivas de urgência, feitos por mulheres, cresceram 29% em março em comparação com fevereiro. O número aumentou de 1.934 para 2.500 em um mês.
“As mulheres já viviam numa situação de violência, isso não é uma novidade trazida pelo coronavírus. O confinamento faz com que o conflito se escale, e as mulheres sejam assassinadas. Infelizmente, é provável que haja um aumento ainda maior nos próximos meses”, afirma Samira Bueno, diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pesquisadora do tema.
Alguns fatores que contribuem para esse crescimento durante a quarentena, segundo a pesquisadora, são o aumento do consumo de bebidas alcoólicas e problemas socioeconômicos com a perda de renda.
Vítimas de violência doméstica podem denunciar os abusos à Polícia Militar, pelo telefone com 190, ou pelo disque-denúncia do governo federal, o 180. Há ainda as delegacias da mulher e a promotoria ou defensoria pública. Na cidade de São Paulo existe a Casa da Mulher Brasileira (Rua Vieira Ravasco, 26 – Cambuci), que funciona 24h. Elas encaminham a vítima ao serviço mais indicado.
As denúncias também podem ser feitas pelos aplicativos SOS Mulher, do Governo de SP, disponível para IOS e Android, e Direitos Humanos Brasil, do governo federal, disponível somente para Android.