Do burnout ao quiet quitting: entenda a importância das empresas investirem em saúde mental de colaboradores

20 outubro 2022
Foto de mulher com as mãos apoiadas na cabeça e com os olhos fechados. Ela está em um ambiente escuro e há uma luz iluminando seu rosto.

Cerca de 15% das pessoas adultas empregadas no mundo apresentam algum tipo de transtorno mental, segundo a Organização Mundial da Saúde e a Organização Internacional do Trabalho. As entidades estimam que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido doenças como depressão e ansiedade. Para a economia global isso representa um custo de US$ 1 trilhão por ano em perda de produtividade.

Regina Madalozzo, PhD em Economia pela Universidade de Illinois e pesquisadora na área de mercado de trabalho para mulheres, em artigo publicado na Exame sobre o tema, comenta como a pandemia impactou esse cenário e como parece ser cada vez mais difícil separar as relações de trabalho da vida pessoal.

“Supostamente, com a intensificação do trabalho à distância, as pessoas conseguiriam equilibrar melhor suas demandas profissionais e pessoais, o estresse de longo prazo poderia diminuir, levaríamos vidas com melhores divisões de tarefas entre homens e mulheres e, por fim, sairíamos muito melhor da pandemia do que entramos. Mas, passados dois anos de uma pandemia, que não temos consenso de ter realmente terminado, será que estamos caminhando para essa visão otimista das relações de trabalho e vida pessoal?”, diz.

“Se, por um lado, muitas empresas adotaram um regime híbrido de trabalho que daria condições de conciliarmos demandas diversas, inclusive de tarefas que nos dariam mais bem-estar (que tal fazer ginástica na academia do seu prédio durante o horário de almoço?); por outro, a própria necessidade de termos que fazer várias coisas ao mesmo tempo e nos cobrarmos por isso (quem tem horário de almoço em home-office?) nos impõe uma carga de preocupação e cobranças adicionais”, complementa.

Na prática isso fez com que aumentassem os casos de burnout, o que acabou fazendo com que, em 2022, a síndrome fosse classificada pela OMS como uma doença ocupacional dentro da CID-11.

“A cobrança em termos de quantidade de tarefas, prazos apertados e gerenciamento inadequado dos colaboradores, aliados aos fatores de estresse da vida cotidiana, são algumas das razões para que 30% dos trabalhadores estejam sofrendo de burnout. Ao mesmo tempo, surge o quiet quitting ou ‘demissão silenciosa’. Supostamente, ao manter o limite de suas entregas de trabalho ao que efetivamente foi combinado, você estaria sinalizando seu desejo em deixar a empresa”, explica Regina Madalozzo.

Para garantir um ambiente saudável, a OMS recomenda treinamentos para as lideranças com objetivo de desenvolverem habilidades interpessoais como comunicação aberta e escuta ativa, além de contribuir para a identificação de estressores no local de trabalho e como podem afetar a saúde mental das pessoas gerenciadas. Conscientizar cada profissional sobre a importância de manter uma rotina equilibrada e falar sobre possíveis estigmas em torno do tema também deve fazer parte do processo. Vale ainda gestores e gestoras terem um plano de ação capaz de gerenciar o estresse, prever intervenções psicossociais e garantir oportunidades de lazer e bem-estar para colaboradores.

“A pandemia evidenciou muitos fatores óbvios. Entre eles, que somos mais frágeis e suscetíveis ao inesperado. Mas também que somos muito mais fortes quando nos unimos em torno de um objetivo comum. Fazer com que as vidas das pessoas valham a pena – dentro e fora do trabalho – pode ser uma meta quantificável da sua empresa. E vai valer a pena para o seu negócio também!”, afirma a pesquisadora.

Entenda a diferença entre burnout e quiet quitting

A síndrome de burnout ou esgotamento profissional é um distúrbio psíquico caracterizado pelo estado de tensão e estresse crônicos provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes. Costuma atingir profissionais que atuam diariamente sob pressão e com grandes responsabilidades. Segundo a OMS trata-se de uma doença ocupacional e que possui sintomas que podem levar a casos ainda mais graves como depressão profunda e quadros graves de ansiedade generalizada.

Já o quiet quitting, traduzido como demissão silenciosa, é um fenômeno mais recente e ganhou notoriedade nos últimos meses. Não está relacionado à desistência do emprego, mas, sim, para caracterizar colaboradores que estabelecem limites bem definidos entre a vida profissional e pessoal. Seu objetivo é fazer somente o mínimo dentro das suas atividades como corresponder às obrigações, sair no horário, não trabalhar no final de semana e sem adotar funções extras.

Para ler o artigo da Regina Madalozzo na íntegra, acesse: https://bit.ly/3CTMPsS.

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