O Brasil é um dos piores países do mundo para meninas, diz estudo
De acordo com o estudo Every Last Girl, da ONG Save The Children, o Brasil é um dos piores países do mundo para meninas e aparece na 102ª posição dos 144 países pesquisados. Ele está atrás de todos os seus vizinhos da América do Sul e de países em desenvolvimento, como Timor-Leste, Índia e Colômbia.
A pesquisa leva em consideração problemas que comprometem o desenvolvimento e a independência das meninas, como gravidez precoce, casamento na infância e adolescência, mortalidade materna, acesso à educação básica e representatividade feminina no parlamento.
“A República Dominicana e o Brasil são casos em questão – ambos têm renda média superior, e estão acima do Haiti. Além disso, eles têm altos números de gravidez na adolescência e casamento infantil”, destaca o relatório. Ele conta que o Brasil apresenta números elevados em todos os problemas, com destaque na baixa representatividade feminina na política, casamento infantil e baixo índice de conclusão do ensino médio. Esses indicadores são barreiras para o desenvolvimento socioeconômico, o bem-estar e a independência econômica das mulheres.
O relatório observa que “nem todos os países ricos tiveram performances tão boas quanto poderiam”. “Isto é devido, na maior parte, à baixa proporção de mulheres membros do Parlamento e à taxa relativamente alta de fertilidade adolescente”, diz o documento.
A fragilidade das garotas, em alguns casos, a está especialmente relacionada à condição social delas. O documento observa que “na maioria dos países, garotas de famílias pobres são alvos preferenciais do casamento prematuro do que seus pares de famílias ricas”. E que “as garotas de algumas regiões – em particular de alguns países – são desproporcionalmente afetadas” pelo casamento infantil. Um exemplo disso é a Etiópia, em que, em algumas regiões, 50% das meninas se casam antes dos 18 anos. Na capital, Adis Abeba, a taxa é de 12%.
Representação política
O baixo número de mulheres no parlamento é o problema comum entre todos os países, que atinge até mesmo os desenvolvidos que lideram o ranking, como a Suécia (1º), Finlândia (2º), Noruega (3º), Holanda (4º), Bélgica (5º) e Dinamarca (6º).
O único fator que pesa contra Finlândia, Noruega e Suécia é a questão da representatividade feminina na política. Esses são os três melhores para se nascer garota, segundo o ranking da Save The Children. O índice de mortalidade materna e de casamento infantil nesses países é zero e as taxas relativas a não conclusão do ensino médio ou de gravidez na adolescência são muito baixas. A baixa quantidade de mulheres no parlamento é o único fator negativo que aparece relacionado a eles.
Alguns países pobres têm desempenho consideravelmente positivo, como a voz feminina na política. O país do mundo com maior representatividade feminina no parlamento é Ruanda, com 64% de congressistas mulheres. Esse fato coloca o país na 49ª posição no ranking, mais de 50 pontos à frente do Brasil, que tem apenas 10% de deputadas federais e 15% de senadoras.
O relatório pontua que ouvir as garotas e valorizar o que elas dizem ser suas necessidades é essencial para determinar políticas que vão permitir que essas necessidades sejam conhecidas. “Amplificar as vozes das garotas é condição central para cumprir a promessa da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável de não deixar ninguém para trás”, afirma.
Soluções
A publicação mostra medidas eficazes para diminuir a desigualdade de gênero e garantir mais oportunidades às meninas de cada país. Além de diminuir os problemas centrais, como a taxa de mortalidade na gravidez, o casamento e gravidez na infância e adolescência, o estudo indica ações como ampliar o acesso à educação e saúde, dar mais voz e espaço para mulheres na política e na participação de ações civis, diminuir a disparidade salarial entre homens e mulheres e acabar com políticas, leis e normas sexistas.
Confira o estudo completo Every Last Girl, da ONG Save The Children.
Com informações do EBC e do Huffpost Brasil.