Pesquisa mostra vozes da população mundial sobre as mulheres no trabalho
Saber o que a população mundial acha sobre o tema das mulheres no mercado de trabalho pode abrir um campo de possibilidades para a formulação de ações de transformação rumo à igualdade de gênero. A pesquisa “Rumo a um futuro melhor para mulheres e trabalho: vozes de mulheres e homens” contribui com um relato inédito de atitudes e percepções globais sobre o tema das mulheres no mundo do trabalho, feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela empresa de pesquisa de opinião Gallup. O estudo foi publicado em março de 2017.
Ao todo, quase 149 mil pessoas foram consultadas em 142 países e territórios, incluindo o Brasil. Um dos destaques da pesquisa afirma que, no Brasil, 72% das mulheres e 66% dos homens entendem que as mulheres devem ter trabalhos remunerados. Já no mundo, mulheres são 70% e os homens continuam com os 66%.
Segundo o relatório, em muitos casos, os pontos de vista dos homens são semelhantes aos das mulheres. Da mesma forma, os resultados da pesquisa referentes ao Brasil acompanham a tendência global. O objetivo é que esse material contribua para a formulação de ações futuras da OIT no contexto da “Iniciativa do Centenário sobre Mulheres no Trabalho” – que busca alcançar uma igualdade de gênero plena e duradoura num mundo do trabalho em transformação.
Trabalho remunerado x trabalho não remunerado
Cerca de 3 em cada 10 mulheres em todo o mundo preferem ter trabalhos remunerados (29%) ou estar em situações em que poderiam trabalhar e também cuidar de suas famílias (41%). Apenas 27% delas querem ficar em casa, no trabalho não remunerado. Já quanto aos homens, o levantamento afirma que 28% deles gostaria que as mulheres de suas famílias tivessem trabalhos remunerados, enquanto 29% gostariam que elas ficassem apenas em casa e 38% prefeririam que elas pudessem fazer os dois.
No tema equilíbrio entre trabalho e as obrigações da família e da casa, na percepção global, as mulheres que trabalham em tempo integral para um empregador (mais de 30 horas por semana, segundo a definição da Gallup) são mais inclinadas a preferir esse equilíbrio. O grupo de mulheres e homens com níveis mais elevados de educação também é mais propenso a preferir que as mulheres tenham trabalhos remunerados e cuidem de suas casas e famílias.
A pesquisa também perguntou aos entrevistados se era aceitável que as mulheres de suas famílias tivessem trabalhos remunerados. As mulheres eram mais propensas do que os homens a considerar os trabalhos remunerados perfeitamente aceitáveis (83%). Neste caso, os homens ficaram um pouco para trás (77%). No Brasil, esses números são mais altos, com 96% das mulheres e 94% dos homens considerando o trabalho remunerado perfeitamente aceitável para as mulheres de suas famílias.
A pesquisa ainda afirma que as famílias têm um papel importante na formação dessas atitudes. Nos países pesquisados, os adultos são ligeiramente menos propensos a concordar que trabalhar fora de casa é aceitável para as mulheres de suas famílias quando essas incluem crianças com menos de 15 anos de idade.
Já entre as entrevistadas que fazem parte de famílias que não aceitam que as mulheres trabalhem fora de casa, cerca de uma em cada três gostaria de ter um trabalho remunerado.
Desafios
O equilíbrio entre trabalho e família foi mencionado, por homens e mulheres da maioria dos países pesquisados, como um dos maiores problemas enfrentados pelas mulheres que têm trabalhos remunerados. Em várias partes do mundo, outros desafios também aparecem: abuso, desigualdade salarial, tratamento injusto, falta de trabalhos bem remunerados.
A percepção das mulheres muda com a idade quando o assunto são os desafios enfrentados. Entre 15 e 29 anos, as jovens são mais propensas do que as mulheres mais velhas a mencionar abuso, assédio no trabalho ou tratamento injusto. Já mulheres que têm entre 30 e 44 anos são mais propensas do que as mulheres em outras faixas etárias a mencionar a falta de cuidados acessíveis para seus filhos e famílias. Na medida em que as mulheres envelhecem, elas se tornam mais propensas a mencionar os salários desiguais em relação aos homens.
Com informações da ONU e da pesquisa “Rumo a um futuro melhor para mulheres e trabalho: vozes de mulheres e homens”