Desigualdade de gênero no trabalho doméstico aumenta após casamento, diz pesquisa
As mulheres deixam de trabalhar 19 horas semanais em casa para trabalhar mais de 29 após o casamento. Já os homens solteiros dedicam quase 13 horas aos cuidados domésticos e passam a dedicar 12 quando casam. Os dados são da pesquisa “Gênero, trabalho e família: mudanças e permanências nas últimas décadas”, publicada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
O estudo, coordenado pelo Núcleo de Estudos sobre Desigualdades e Relações de Gênero (Nuderg) da UERJ, foi apresentado no final de agosto deste ano, durante o Seminário Internacional Gênero, Trabalho e Família no Brasil: Mudanças e Permanências nas Últimas Décadas. Ao todo, 1.575 pessoas maiores de 18 anos no Brasil responderam ao questionário. A investigação procurou saber se e como as relações e percepções de gênero influenciam a vida familiar e o trabalho remunerado.
Em depoimento para a Agência Brasil, Clara Araújo, coordenadora do Nuderg, diz que o resultado medido em 2016 mostra avanço em relação a 2003 – ano em que a pesquisa foi feita pela primeira vez, quando as mulheres casadas dedicavam 36 horas semanais aos trabalhos domésticos, enquanto os homens dedicavam pouco mais de 11 horas.
A publicação aponta que o pequeno avanço rumo à igualdade se deve a diversos fatores, como o aumento da escolaridade média e da renda do brasileiro, a entrada da mulher no mercado de trabalho e os movimentos feministas, que levam a uma mudança cultural, como na relação do cuidado com os filhos.
A pesquisa diz que as atividades com as quais os homens mais contribuem são pequenos consertos na casa (72,3%), lavar a louça (20,5%) e comprar comida (17,4%). Já as mulheres são as principais responsáveis por lavar e passar roupa (82,6%), cozinhar (81,2%) e limpar a casa (76,2%).
Com informações da Agência Brasil