Pesquisa aponta que 81% dos homens consideram o Brasil um país machista
Sabia que, entre as 500 maiores empresas do mundo, menos de 5% possuem CEOs mulheres? Esse é um dos dados que levou a ONU Mulheres e o portal PapodeHomem, com viabilização do Grupo Boticário (associado do Movimento Mulher 360), a realizar uma pesquisa nacional para entender de que forma os homens podem participar do diálogo pela igualdade de gênero.
A pesquisa foi dividida em duas etapas (pesquisas qualitativa e quantitativa). A primeira delas foi a qualitativa, que começou no primeiro semestre de 2016 e entrevistou 40 pessoas entre influenciadores e especialistas em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. A segunda etapa é a quantitativa em que ouviu 20 mil pessoas online em todo o País.
A realização do estudo foi liderada pela Questto | Nó Research, em parceria com a Zooma Consumer Experience e a consultoria do sociólogo Gustavo Venturi. A direção do documentário foi feita pela Monstro Filmes.
Resultados das pesquisas
A pesquisa qualitativa mostra que 95% das mulheres e 81% dos homens entrevistados concordam com afirmação: “Em pleno século 21, o machismo ainda é tema recorrente no Brasil”. Um dos objetivos do estudo é entender como as pessoas se sentem sobre esse tema e como podemos evoluir para uma sociedade com mais igualdade e mais diálogo entre os gêneros.
Segundo o estudo, os estereótipos do comportamento masculino causam dificuldades aos homens, já que 66,5% deles não falam com os amigos sobre medos e sentimentos; 45% gostariam de não se sentir obrigatoriamente responsáveis pelo sustento financeiro da casa; e 45,5% gostariam de se expressar de modo menos duro ou agressivo, mas não sabem como. Quanto mais inseguros se sentem, mais violentos ficam, perpetuando a desigualdade de gêneros.
A publicação conta também que, para os homens, não é fácil lidar com a figura do “herói durão” e do ideal de virilidade, tendo que provar que é forte, poderoso e provedor. Os números dão um panorama disso: 56,6% gostariam de ter uma relação mais próxima com os amigos, expressando mais afeto e 54% gostariam de ter mais liberdade para explorar hobbies pouco usuais sem serem julgados.
Além das questões que envolvem as percepções dos homens, o levantamento identificou também como as mulheres percebem o papel dos homens na sua vida e na sociedade de hoje, apontando as principais tensões culturais que geram sofrimento e desigualdade. Entre as afirmações, está o fato de que os homens ainda não sabem lidar com a mudança de posição na hierarquia social, o que faz com que busquem provar constantemente sua masculinidade.
Nos resultados da pesquisa quantitativa, as pessoas deram a opinião delas com o grau de concordância em relação à algumas frases, como: “Mulher que anda com camisinha é safada”; “A política seria melhor se NÃO tivesse mais mulheres em postos importantes”; “Mulheres deveriam decidir se a prioridade na vida delas é a carreira ou os filhos”. Nesta última frase, 55,44% dos participantes disseram que discordam totalmente.
Documentário
O documentário “Precisamos falar com os homens? Uma jornada pela igualdade de gênero” é resultado dessa pesquisa quantitativa e qualitativa. A iniciativa faz parte do movimento global ElesPorElas (HeForShe), lançado pela ONU Mulheres em 2014.
O objetivo do filme é mostrar que a igualdade de gênero é uma questão que afeta a todos e todas e é benéfica a homens e mulheres. Nele, há uma investigação de como se formam, se sustentam e de que modo podemos desconstruir os estereótipos de gênero nocivos, que perpetuam o nosso cenário atual.
Assista ao documentário completo:
Com informações da ONU Mulheres