Nestlé lança programa para apoiar colaboradoras durante a menopausa
A menopausa afeta milhões de mulheres em todo o mundo, e seu impacto no ambiente de trabalho e na carreira dessas profissionais ainda é pouco discutido. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, até 2030, cerca de 1 bilhão de pessoas estarão lidando com essa fase, sendo 18 milhões delas no Brasil. No entanto, poucas empresas tratam abertamente sobre o assunto, e muitas colaboradoras enfrentam dificuldades em compartilhar os desafios que essa fase traz, mesmo estando em um momento de alta produtividade profissional.
Ciente dessa realidade, a Nestlé, empresa associada do Movimento Mulher 360, lançou em 2024 o “Guia Global para Menopausa no Trabalho”, uma iniciativa inovadora para apoiar suas colaboradoras.
“Nosso objetivo é garantir um espaço propício para discussões e, por que não, aberto e preparado para acolher as vulnerabilidades”, destaca Fabricio Pavarin, Executive Manager da Nestlé Brasil. Ele ainda enfatiza que a diversidade faz parte da estratégia da empresa: “Hoje, 44% da nossa força de trabalho é composta por mulheres, e até 2028, a proporção de mulheres com idade entre 45 e 55 anos deve crescer 78%.”
Além de conteúdo educativo sobre essa fase da vida, disponível em seu aplicativo de bem-estar, a Nestlé promove rodas de conversa e prepara lideranças para oferecer apoio emocional e psicológico às colaboradoras.
“Queremos que, quando a menopausa chegar, o ambiente de trabalho seja seguro para falar sobre os desafios e inseguranças que acompanham esse período”, completa.
Em entrevista para MM360, Fabricio Pavarin, Executive Manager da Nestlé Brasil, fala sobre as iniciativas que a empresa implementou para desmistificar a menopausa no ambiente de trabalho e garantir um espaço acolhedor para suas colaboradoras. Ele explica como essas ações promovem um ambiente de apoio e conscientização, ajudando as mulheres a atravessarem essa fase com mais conforto e qualidade de vida. Confira a entrevista completa e descubra como a Nestlé está liderando essa importante discussão.
Como a Nestlé Brasil tem abordado o estigma associado à menopausa e garantido que suas colaboradoras sintam-se confortáveis para discutir essa fase de suas vidas no ambiente de trabalho?
Acho importante começar explicando que a Nestlé, como empresa de nutrição, saúde e bem-estar, tem uma preocupação especial com o ambiente no qual nossas pessoas trabalham. É nossa responsabilidade garantir um espaço propício para discussões e, por que não, aberto e preparado para acolher as vulnerabilidades.
No começo de 2024, a Nestlé lançou o Guia Global para Menopausa no Trabalho, com o objetivo de fornecer apoio às pessoas colaboradoras. Além disso, escolhemos também incluir profissionais afetados pela andropausa (também conhecida como menopausa masculina).
A partir desse guia, estudamos muito sobre o assunto, contratamos uma médica especializada no tema e ela nos apoiou na construção de alguns materiais. Dado esse primeiro passo, publicamos, dentro do nosso aplicativo de Bem-Estar, uma trilha de conhecimento com vários vídeos gravados com essa médica, sobre o universo da menopausa, com conteúdos que vão desde a alimentação à reposição hormonal.
Esse processo aculturou as pessoas, mostrou que menopausa e andropausa não são um tabu, mas uma fase da vida que vai chegar, e quando isso acontecer, o seu local de trabalho será um ambiente seguro para, caso elas queiram, falar dos desafios e inseguranças que a têm acompanhado nesse período.
De que maneira a Nestlé tem preparado a liderança e demais equipes para apoiar colaboradoras que estão passando pela menopausa?
Aqui na Nestlé, 96% das nossas pessoas reconhecem que o ambiente é aberto à diversidade e aos mais variados estilos de vida. Acolher é um ato normal aqui dentro. Por outro lado, também é nosso papel preparar a liderança e demais equipes para lidar com determinadas situações.
A partir da publicação dos conteúdos no aplicativo de Bem-Estar, geramos outros materiais, mas com um ponto de vista da liderança, ensinando que há um papel fundamental nessa cadeira, com empatia, acolhimento e, acima de tudo, segurança para essa mulher, que se
encontra em uma fase totalmente nova.
Além disso, também orientamos para que a liderança considere outras medidas de apoio, que vão além da conversa, como suporte psicológico e outros requisitos que a mulher possa necessitar.
Poderia detalhar como o programa de menopausa se integra à estratégia mais ampla de equidade de gênero da Nestlé e de que forma contribui para a retenção de talentos femininos na empresa?
A Nestlé tem um propósito muito claro quando falamos de diversidade: queremos ser um reflexo do Brasil, um país diverso e plural. Nesse contexto, obviamente, abordamos a equidade de gênero, o que inclui também reter os os talentos femininos da empresa. E o tema da menopausa vai ao encontro dessa estratégia de diversidade e inclusão.
Hoje, contamos com 44% de mulheres em nossa população, e 45% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. Outro ponto que embasa nosso trabalho com esse guia é o fato de que, na Nestlé Brasil, até 2028, a força de trabalho feminina com idade entre 45 e 55 anos crescerá 78%.
É nesse dado que entramos em uma questão fundamental sobre essa fase da vida da mulher. Para se ter uma ideia, a menopausa chega, para grande parte das mulheres, em um momento bastante ativo profissionalmente. Contudo, no momento em que os sintomas começam a aparecer, algumas delas optam por deixar a vida profissional de lado, abandonando muitas vezes aquela posição que foi tão almejada.
Esse cenário pode acontecer justamente porque muitas das pessoas ao redor não estão preparadas para lidar e apoiar seus pares quando passam por isso, além do ambiente não oferecer a segurança psicológica necessária para abordar o assunto.
Os sinais da chegada da menopausa variam de mulher para mulher, mas alguns deles são complexos e mexem com a saúde emocional e até a memória, além dos desconfortos físicos e eventuais constrangimentos com o ciclo irregular.
Por meio dessa diretriz global, a Nestlé tem trabalhado para apoiar de todas as formas essas mulheres, acabando com o tabu que cerca o tema e proporcionando um ambiente e ferramentas de trabalho que facilitam a jornada que essa etapa acarreta.
Vale ressaltar, como destaque a essas ferramentas, o PEAC (Programa Especializado de Apoio ao Colaborador), que é um canal de comunicação no qual colaboradores e colaboradoras ou familiares podem se consultar com profissionais especializados sobre questões emocionais, sociais, jurídicas e financeiras.
Toda essa política interna de menopausa vai reforçar o quanto a Nestlé é uma empresa que valoriza suas profissionais e tem espaço para que continuem a crescer.
Além das iniciativas mencionadas, quais outros recursos ou apoios estão sendo oferecidos para as colaboradoras em menopausa e como a Nestlé planeja adaptar suas políticas internas para atender às necessidades específicas dessa fase da vida das mulheres?
As trilhas de conteúdo, tanto para colaboradores quanto para a liderança, já adiantam um caminho na normalização do tema no ambiente corporativo. A essas ações somaremos outras adaptações que têm sido estudadas, para fortalecer essa frente. Vale lembrar que,
respeitamos sempre, e em conformidade com a nossa diretriz, quem não quer ou não se sente confortável em falar do assunto.
Atualmente, as ações online, capacitação da liderança e até rodas de conversas entre as equipes, têm atendido às mulheres que estão em perimenopausa (fase que antecede a menopausa) ou menopausa. No ambiente físico, a Nestlé estuda formas de oferecer um
espaço mais refrigerado, para amenizar ondas de calor, adequação de banheiros, com itens de higiene pessoal à disposição e a possibilidade de ter mini ventiladores nas estações de trabalho.
Em tempo, todas as ações têm passado por uma análise de viabilidade, mas com certeza, optaremos pelo que vai tornar nossos ambientes mais acolhedores e confortáveis para essas mulheres.
Com base na experiência da Nestlé com o lançamento deste programa, quais conselhos práticos você daria para outras empresas que desejam implementar políticas similares?
É fundamental que as empresas comecem ouvindo suas colaboradoras e seus colaboradores, ainda que por meio de uma pesquisa simples. Primeiro de maneira mais ampla e, com o passar do tempo, deve atuar para entender qual é a melhor forma de personalizar determinadas políticas.
A criação de grupo afinidade pode ser interessante, uma equipe voluntária com homens e mulheres como os que temos na Nestlé, para contribuir com diferentes perspectivas e ações de diversidade e inclusão.
Considero também muito importante avaliar a diversidade de gênero na direção da companhia. Uma empresa gerida apenas por homens, pode ter mais dificuldades em entender a importância de uma política para menopausa, do que uma com mulheres em cargos de liderança. Os passos seguintes podem considerar um letramento sobre o assunto e depois, ações mais efetivas, de acordo com as respostas colhidas.
Leia mais
Mais de 56% das pessoas de 50 a 64 anos estão fora do mercado de trabalho
Etarismo no trabalho: desafios e transformações de carreira das profissionais