Estudo mostra que mulheres sofrem mais interrupções em entrevistas de emprego
Segundo o estudo “Gênero nos departamentos de Engenharia: existem diferenças de gênero nas interrupções em entrevistas de emprego acadêmico?”, publicado na revista Social Sciences, as mulheres são mais propensas a serem interrompidas do que os homens durante uma entrevista de trabalho acadêmico.
O material afirma que as mulheres entrevistadas também enfrentam mais perguntas dos entrevistadores, tornando-as mais propensas a se precipitarem em suas apresentações do que os homens. Os pesquisadores acreditam que uma atitude hostil de “provar isso novamente” em relação às mulheres pode explicar parcialmente por que algumas disciplinas permanecem tão dominadas pelos homens.
Ao todo, a pesquisa analisou 119 entrevistas de emprego em duas grandes universidades americanas – a Universidade do Sul da Califórnia e a Universidade da Califórnia – ao longo de dois anos. Apesar de terem o mesmo nível de experiência, no geral, as mulheres enfrentaram 17 questões, em média, enquanto os homens enfrentaram 14. Isso significa, de acordo com o estudo, que uma maior proporção de tempo de apresentação das mulheres é ocupada pelos entrevistadores fazendo perguntas.
Nos cinco departamentos de engenharia dominados pelos homens analisados, em que a proporção de funcionárias femininas variou entre 4 e 18%, pesquisadores argumentaram que as interrupções mais frequentes enfrentadas pelas mulheres significam que, muitas vezes, elas têm menos tempo para levar a sua conversa a uma conclusão convincente.
As gravações mostraram pistas verbais que indicam que as mulheres se apressaram para superar. Elas disseram que, “por causa do tempo, vou ignorar essa parte”, “não há muito tempo restante etc.
O documento ainda afirma que mesmo as mulheres que apresentam currículos impressionantes ainda podem ser consideradas menos competentes. Elas são desafiadas, às vezes excessivamente, e, portanto, têm menos tempo para apresentar uma conversa coerente e convincente.
Em uma parte da conclusão, a pesquisa diz que “esses sutis padrões de conversação formam um viés quase invisível, o que permite que um clima de competência desafiadora das mulheres persista”.
Esse estudo mostra claramente um caso de manterrupting – quando um homem interrompe constantemente uma mulher, de maneira desnecessária, não permitindo que ela consiga concluir sua frase. Esse é um dos termos criados para sinalizar o machismo nas relações e qualificar o comportamento masculino em relação a uma mulher em diferentes situações. Em nossa matéria, “MM360 explica os termos gaslighting, mansplaining, manterrupting e bropriating”, detalhamos melhor essa e outras expressões.
O Movimento Mulher 360 busca, constantemente, mudar esse quadro tão enraizado em muitas relações, não apenas nas universidades, mas também nas escolas, nas casas, no mercado de trabalho e outros espaços. Um dos caminhos é pela disseminação da informação para conscientizar a sociedade. Ao difundirmos o conhecimento e práticas organizadas e produzidas pelo MM360, buscamos influenciar positivamente a comunidade empresarial e a sociedade como um todo para que ações como manterrupting deixem de acontecer.
Com informações do Times Higher Education