Sub-representação feminina: mulheres ocupam apenas 18,1% das cadeiras na Câmara dos Deputados


Um novo relatório da União Interparlamentar (UIP) e da ONU Mulheres, intitulado “Mulheres na política: 2025”, revela que a igualdade de gênero na liderança política continua sendo um desafio global. Segundo o estudo, os homens ainda ocupam mais de três vezes mais posições executivas e legislativas do que as mulheres em todo o mundo.
No Brasil, a situação não é diferente: o país ocupa a 133ª posição no ranking global de representação parlamentar de mulheres, com apenas 18,1% da Câmara dos Deputados composta por elas (93 parlamentares) e 19,8% do Senado (16), percentuais abaixo da média das Américas, de 35,4%.
O mapa “Mulheres na Política” foi lançado durante a 69ª sessão da Comissão sobre o Status da Mulher, o principal fórum da ONU sobre igualdade de gênero, que aconteceu no mês de março, na sede da ONU, em Nova Iorque, com o objetivo de discutir o progresso alcançado na implementação da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, de 1995.
Segundo Sima Bahous, diretora executiva da organização, a sub-representação feminina na política não pode ser aceita:
“Trinta anos após a Declaração de Pequim, a promessa de igualdade de gênero na liderança política permanece não cumprida. Não podemos aceitar um mundo onde metade da população seja sistematicamente excluída da tomada de decisões”, declarou.
A representante ainda reforçou o caminho a ser seguido pelos países para combater a disparidade de gênero na política: “cotas, reformas eleitorais e a vontade política de desmantelar barreiras sistêmicas. O tempo das meias-medidas acabou — é hora de os governos agirem agora para garantir que as mulheres tenham um lugar igual em todas as mesas onde o poder é exercido”, completou Bahous.
Embora existam caminhos para combater a desigualdade, apenas nove países alcançaram a paridade de gênero em seus gabinetes, com 50% ou mais de presença feminina em cargos ministeriais, o que representa uma queda em relação a 2024, quando 15 deles tinham alcançado essa meta.
No Brasil, as mulheres ocupam 10 das 31 pastas ministeriais (32,3%), mas ainda estão longe da paridade de gênero. Além disso, o mapa de 2025 revela uma divisão de gênero nas pastas: elas lideram áreas como direitos humanos e proteção social, enquanto os homens dominam relações exteriores, orçamento e defesa.
A sub-representação feminina também é evidente nos cargos mais altos da liderança nacional. Para a Presidente da UIP, Tulia Ackson, é urgente que se pense em medidas concretas para garantir representação igualitária.
“É chegada a hora de uma ação decisiva para romper essas barreiras e garantir que as vozes das mulheres sejam igualmente representadas na política em todo o mundo. A saúde de nossas democracias depende disso”, concluiu.
Em 2025, apenas 25 países têm mulheres ocupando os cargos de chefe de Estado ou Governo, com a Europa concentrando a maioria desses casos (12 países). No Brasil, das 39 pessoas que assumiram a presidência do país, apenas uma era mulher, mostrando que ainda há muito a ser feito para alcançar a igualdade de gênero na liderança política.
Com informações de ONU Mulheres
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