A educação sozinha não garante igualdade no mercado de trabalho, revela estudo da OCDE
Um novo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revela que, apesar de avanços significativos na educação feminina, as profissionais ainda enfrentam grandes barreiras para atingir a igualdade no mercado de trabalho.
O estudo aponta que um nível educacional elevado não é suficiente para corrigir as disparidades salariais e a falta de representação em cargos de liderança. Mesmo com maior qualificação acadêmica, fatores estruturais e culturais continuam a impedir que essas conquistas se traduzam em equidade econômica.
Segundo a OCDE, o gênero feminino tem superado o masculino em diversos indicadores educacionais. Em 2022, por exemplo, a taxa de pessoas do sexo feminino com ensino superior em países da organização atingiu 52%, comparado a 39% do sexo masculino. Apesar disso, os dados mostram uma diferença salarial de até 13%, com ganhos médios menores para elas na maioria dos setores.
Essa desigualdade é agravada pela predominância das mulheres em áreas tradicionalmente menos remuneradas e pela sub-representação nas de alta remuneração, como ciência e tecnologia.
O relatório também destaca que a lacuna de gênero no mercado de trabalho está ligada à sub-representação em cargos de liderança. Mesmo com um número crescente de qualificadas, apenas cerca de 25% dos cargos de chefia em empresas são ocupados por elas.
Esse fenômeno, conhecido como “teto de vidro”, reflete as barreiras invisíveis que limitam a ascensão profissional das mulheres. A OCDE sugere que a falta de apoio institucional e políticas corporativas voltadas para a equidade de gênero contribuem para essa exclusão.
A questão da maternidade também continua sendo um obstáculo. O relatório aponta que a chegada de filhos tem um impacto significativamente maior nas carreiras das mulheres, resultando em uma queda expressiva da taxa de participação delas no mercado de trabalho após a maternidade. Em muitos países, a falta de políticas de apoio à licença parental e à flexibilização do trabalho reforça as disparidades, deixando as profissionais em desvantagem.
Para superar esses desafios, a OCDE defende a implementação de políticas públicas que promovam a igualdade de gênero no mercado de trabalho, como maior apoio às famílias, incentivos à contratação de profissionais em áreas dominadas por homens, e a criação de um ambiente de trabalho mais inclusivo.
O relatório conclui que, enquanto as barreiras estruturais e culturais não forem enfrentadas, a educação, por si só, não será suficiente para garantir uma participação igualitária das mulheres na economia.
Com informações de Exame
Leia mais
Mulheres batem recorde de ocupação no mercado de trabalho, mas desigualdades persistem
Como promover uma cultura inclusiva por meio das microvalidações