Como identificar e combater vieses inconscientes no ambiente de trabalho


O debate sobre Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) nas empresas está em constante evolução. Apesar de estudos comprovarem que equipes diversas são mais rentáveis e inovadoras, ainda é possível observar resistências no mercado em relação ao tema.
Essa resistência surge, em parte, por percepções equivocadas de que iniciativas inclusivas geram conflitos e desconforto no ambiente de trabalho. No entanto, entender e combater os vieses inconscientes é essencial para construir um ambiente corporativo mais produtivo e harmonioso.
Em artigo publicado na Harvard Business Review, Anu Gupta destaca como os preconceitos, sejam conscientes ou inconscientes, influenciam diretamente a forma como percebemos, raciocinamos e tomamos decisões. Estudos apontam que esses hábitos são aprendidos ao longo da vida e podem ser desaprendidos. A neuroplasticidade do cérebro humano permite reverter esses padrões, tornando possível promover ambientes mais inclusivos.
“Para lidar com preconceitos conscientes no local de trabalho, as empresas geralmente confiam em políticas corporativas de RH, treinamentos e recursos legais. No entanto, preconceitos inconscientes, que são mais difíceis de detectar e abordar, estão na raiz da maioria dos desafios do DEI. Eles incluem obstáculos em diversas contratações, retenção, promoção e remuneração, bem como falhas de comunicação que podem ser percebidas como microagressões e desigualdades refletidas nas avaliações de desempenho. Além disso, preconceitos inconscientes podem afetar atendimento ao cliente, desenvolvimento de produtos, e propaganda estratégias”, afirma o executivo.
Para auxiliar nesse processo, foi desenvolvido o método PRISM, um conjunto de cinco ferramentas cientificamente comprovadas para reduzir preconceitos inconscientes. PRISM é um acrônimo em inglês (Perspective-Taking, Prosocial Behavior, Individuation, Stereotype Replacement e Mindfulness) para Tomada de Perspectiva, Comportamento Pró-Social, Individuação, Substituição de Estereótipos e Atenção Plena.
Desaprendendo vieses inconscientes com as ferramentas PRISM
A atenção plena é a base do PRISM. Consiste em observar e reconhecer pensamentos estereotipados sem julgá-los, permitindo que gestores e equipes identifiquem suposições automáticas e evitem que elas influenciem suas decisões.
Substituição de estereótipos envolve a identificação daqueles que são automáticos e a sua substituição por contra exemplos positivos e reais. Essa prática cria novos padrões mentais, reduzindo o impacto de preconceitos inconscientes.
A individuação incentiva a curiosidade ativa sobre cada pessoa da equipe, promovendo conexões autênticas. Frases simples como “conte-me mais” podem fortalecer esse comportamento e aproximar o time.
O Comportamento Pró-Social consiste em cultivar sentimentos positivos, como compaixão e empatia. Práticas como o “bombardeio de compaixão”, onde a equipe dedica um momento para desejar bem-estar aos colegas antes de reuniões, têm impacto direto na redução de preconceitos.
A Tomada de Perspectiva incentiva os líderes a se colocarem no lugar do outro, ampliando a compreensão sobre diferentes experiências e realidades. Essa prática contribui para decisões mais justas e equilibradas.
A adoção do PRISM no ambiente corporativo não exige investimentos elevados e pode ser implementada gradualmente. Empresas que incorporam essas ferramentas observam melhorias significativas na comunicação, colaboração e desempenho de suas equipes.
Investir em práticas que combatem preconceitos inconscientes é uma estratégia eficaz para construir organizações mais inclusivas, inovadoras e produtivas. Gestores que lideram com empatia e consciência têm maior capacidade de impulsionar resultados positivos e transformar a cultura organizacional.
Ao promover um ambiente de trabalho baseado na confiança, respeito e inclusão, as empresas não apenas potencializam seu desempenho financeiro, mas também contribuem para uma sociedade mais justa e igualitária.
Com informações de Harvard Business Review
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