Conferência realizada na sede da ONU debate o comprometimento das empresas com as mulheres
Uma delegação de aproximadamente 150 representantes, incluindo a gestora executiva do Movimento Mulher 360 (MM360), esteve presente em uma série de eventos paralelos à 68ª Sessão da Comissão da ONU sobre a Situação das Mulheres (CSW), realizada nos dias 13 e 14 de março, na sede da ONU, em Nova York. O objetivo principal desses encontros foi discutir o compromisso das empresas com os direitos humanos das mulheres, destacando a importância da equidade salarial e dos investimentos em cuidado.
Dentre as pessoas participantes estavam personalidades como a socióloga e primeira-dama do Brasil, Janja da Silva; a deputada federal Benedita da Silva; a ministra das Mulheres do Brasil, Cida Gonçalves; e a gestora executiva do MM360, Margareth Goldenberg, além de lideranças empresariais, representantes da sociedade civil, integrantes da imprensa, autoridades da ONU e governamentais.
Camila Valverde, diretora da Frente de Impacto e COO do Pacto Global da ONU – Rede Brasil, ressaltou a importância dessas iniciativas: “Todas as nossas iniciativas, debates e premiações em Nova York abrangem diversos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, mas, principalmente, o ODS 5, de igualdade de gênero. A desigualdade que atinge mulheres e meninas é um pauta urgente e até tardia, sobretudo em países como o Brasil. Precisamos avançar nessa agenda e é missão do Pacto Global trazer as lideranças das empresas à ação e ajudar as organizações”.
O evento contou com uma ampla programação, incluindo um café da manhã no The Yale Club of New York City no primeiro dia, seguido por apresentações e debates no dia seguinte. Diversos assuntos foram abordados, desde a importância do engajamento masculino na promoção do empoderamento feminino até questões de interseccionalidade, com foco na representatividade de mulheres negras, com deficiência e trans.
Durante os debates, foram apresentados resultados de pesquisas e trabalhos relevantes, como o Censo de Inclusão Produtiva LGBTQIAPN+ e o lançamento internacional do Mapa Nacional da Violência de Gênero. Além disso, foi discutido o projeto ‘Meninos: Sonhando com os Homens do Futuro’, que busca compreender e apoiar o desenvolvimento dos jovens do sexo masculino.
Antes de encerrar o evento, o Pacto Global da ONU – Rede Brasil anunciou as práticas vencedoras das empresas em uma premiação promovida pelos Movimentos da Ambição 2030 na área de Direitos Humanos e Trabalho. Destaque para Marco Castro, CEO da PwC, empresa associada do MM360, reconhecido na categoria CEO´s mais engajados dentro do Movimento Elas Lideram 2030.
Margareth Goldenberg, gestora executiva do Movimento Mulher 360, compartilhou suas impressões sobre o evento. Confira:
“Participar do CSW68 foi uma experiência verdadeiramente enriquecedora e esclarecedora. Durante os debates, foi discutida uma questão que considero crucial: o fenômeno do backlash e sua relação direta com as agendas de equidade e diversidade. O backlash, como mencionado pela Ana Fontes de forma tão assertiva, representa um desafio significativo no avanço dessas agendas. Em suma, quando um tema ganha destaque e começa a causar desconforto ou resistência, é comum vermos uma reação contrária que pode anular ou até mesmo reverter os avanços alcançados. Essa dinâmica é particularmente relevante no contexto brasileiro, onde observamos avanços importantes em equidade e diversidade nas empresas, mas também enfrentamos retrocessos em determinadas situações. É fundamental que o mercado adote uma postura de corresponsabilidade e elimine o papel de fiscal da diversidade, buscando uma abordagem mais inclusiva e colaborativa. Acredito firmemente que essa abordagem evoluirá com o tempo, e foi encorajador ouvir essas reflexões durante o evento”, diz a executiva.
“Além disso, foi uma oportunidade especial para destacar o papel do Movimento Mulher 360 como representante das 110 maiores empresas brasileiras. Nossas empresas associadas já estão avançadas em muitas das questões discutidas, mas há sempre espaço para aprendizado e crescimento. Fiquei especialmente impressionada com a diversidade representada nos debates, com um foco significativo na interseccionalidade considerando, principalmente, mulheres negras, mulheres com deficiência e mulheres trans. Se quisermos verdadeiramente avançar, a interseccionalidade deve ser uma prioridade em nossas iniciativas. Saio desses dois dias de debates mais energizada e determinada, consciente de que podemos e devemos continuar avançando em direção a um futuro mais inclusivo e equitativo para todas as mulheres”, complementa.
A CSW é o principal fórum de negociação e monitoramento dos compromissos internacionais sobre direitos humanos das mulheres. Em um cenário global preocupante, a CSW desempenha um papel crucial na busca por soluções para desafios como a desigualdade de gênero e a violência contra as mulheres. No Brasil, apesar dos avanços, ainda há muito a ser feito para garantir a igualdade de oportunidades e o empoderamento de todas as mulheres, especialmente aquelas em situação de maior vulnerabilidade.
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