Mulheres negras investem mais no cuidado com as crianças para estarem no mercado de trabalho

10 novembro 2023
Foto de uma mulher sentada na cozinha trabalhando em um laptop. À sua esquerda, ao fundo, estão duas crianças brincando.

Um recente estudo realizado pelo banco norte-americano Goldman Sachs, como parte da iniciativa One Million Black Women, ressalta os desafios enfrentados pelas mulheres negras no mercado de trabalho dos Estados Unidos. A pesquisa revela que 24% das entrevistadas que têm filhos gastam mais de 20% da sua renda para garantir o cuidado das crianças, uma porcentagem significativamente maior do que a média de 17% entre as pessoas adultas do país.

Além disso, 19% delas em busca de emprego apontam a responsabilidade de cuidar dos filhos como uma barreira que impacta negativamente a sua procura por oportunidades profissionais. Em contrapartida, a média geral da população adulta nos EUA que enfrenta a mesma dificuldade é de 11%.

A pesquisa também destaca que as profissionais mães alocam quantias semelhantes ou até maiores para despesas com cuidados infantis do que aquelas destinadas à aposentadoria. Esse cenário leva a um ciclo de estresse financeiro, diminuição do engajamento e produtividade, além de ansiedade. A ausência frequente no trabalho para cuidar dos filhos, ao invés de contratar alguém para fazê-lo, pode impactar os prazos dos projetos e prejudicar a diversidade de ideias e inovações no ambiente profissional.

A consequência desse cenário é profunda. Mulheres que buscam novas oportunidades de emprego devido ao ônus financeiro de cuidar dos filhos geram custos adicionais aos empregadores, que precisam lidar com despesas de recrutamento, contratação e capacitação de substitutos, além da perda de conhecimento e estrutura organizacional. Aquelas que conseguem encontrar novas posições, mas ainda enfrentam o desafio de custear o cuidado dos filhos, podem ser mais relutantes em aceitar as ofertas, limitando a disponibilidade de candidatas qualificadas para as organizações.

Confira cinco principais recomendações para atrair e desenvolver profissionais negras

O Movimento Mulher 360 acredita que a melhor forma de avançar com a equidade de gênero dentro das organizações é compartilhando o conhecimento adquirido em conjunto com as empresas associadas. Dessa forma, inspiramos outras empresas a fazerem parte desse trabalho e incluir o tema na agenda como algo prioritário. Pensando nisso, criamos o e-book Dicas e orientações para empresas acelerarem atração e desenvolvimento de mulheres negras.

Se a sua empresa precisa aumentar a inclusão de mulheres negras no quadro de colaboradores e liderança, confira as nossas recomendações:

1 – Reconheça as intersecções entre gênero e raça
Busque compreender quais dos indicadores da desigualdade, sejam eles relativos à representatividade ou a cultura da organização, são comuns para todas as mulheres e quais são específicos para as mulheres negras. Quando mapeamos os desafios das organizações em relação às questões de gênero, precisamos ter um olhar específico para as mulheres negras, que enfrentam uma dupla barreira decorrente da soma das questões relacionadas ao machismo e o racismo.

2 – Tenha intencionalidade para atuar na redução das barreiras para mulheres negras
Se o nosso primeiro passo é mapear as barreiras específicas para as mulheres negras, no segundo a recomendação é agir a partir dessas diferenças encontradas. Quando analisamos os indicadores de representatividade de mulheres nas organizações, já temos, de maneira geral, uma subrepresentatividade que atinge algumas áreas, como as de operação, de STEM e em cargos de média e alta liderança. Quando voltamos a nossa perspectiva para as especificidades das mulheres negras, esses números ficam ainda mais críticos. Por isso, é importante estabelecermos uma intencionalidade certeira na busca específica por essas profissionais. Seja no momento de atração de talentos, nos processos de seleção e contratação, desenvolvimento e promoção internas, assim como nas ações de promoção de isonomia salarial.

3 – Promova a conscientização em relação aos vieses e preconceitos presentes nas pessoas e no ambiente de trabalho
O racismo brasileiro é caracterizado pelo seu viés velado. Ou seja, é marcado não apenas por manifestações explícitas, injúria ou pela segregação, mas acontece também de maneira sútil, por meio de atitudes ou estruturas que normalizam a ausência de negros e negras e que reforçam a perpetuação de estereótipos que geram barreiras para o pleno desenvolvimento dessa população no Brasil. Esse cenário cria uma situação particular em nosso país onde, apesar de reconhecermos a existência do racismo, racistas são sempre as outras pessoas. Precisamos desvelar quais são as situações de preconceito e como elas impactam o desenvolvimento das mulheres negras, ampliando nossa capacidade de avaliar nossas próprias atitudes e as estruturas das quais fazemos parte.

4 – Envolva todas as pessoas na redução dessas desigualdades
Apesar do foco ser a promoção da equidade em relação às mulheres negras, precisamos ter em mente que, sem deixar de respeitar o protagonismo do público que queremos atingir, precisamos envolver toda a organização nesse processo de mudança, seja de cultura ou de processos. Dessa maneira, estamos falando de engajar também mulheres e homens, sejam parte da população negra ou não. Além disso, é um processo que precisa do envolvimento de toda a organização, em todos os níveis hierárquicos, áreas e saberes. Dessa maneira, podemos construir avanços de maneira mais rápida e eficiente.

5 – Tenha uma perspectiva para o longo prazo: regularidade nas ações e colaboração!
Esses desafios não serão superados da noite para o dia. Por isso, é preciso regularidade, atuação conjunta entre diferentes áreas da organização e envolvimento dos setores da sociedade civil e poder público no compromisso com as transformações de longo prazo. Essas diferenças e as barreiras do machismo e do racismo foram construídas de maneira intencional e se perpetuaram ao longo dos séculos no Brasil. Para reverter esse cenário, precisamos ter consciência de que tratam-se de diferenças históricas que precisam de uma atuação intencional e conjunta de toda a sociedade na desnaturalização dessas desigualdades e na extinção dessas barreiras.

Com informações da Forbes Mulher

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Baixe o e-book Dicas e orientações para empresas acelerarem atração e desenvolvimento de mulheres negras

Ouça o segundo episódio do MM360Cast sobre como ampliar a contratação e promoção de mulheres negras

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