Presença feminina em cargos de liderança é o maior dos últimos anos
A participação das mulheres nas presidências das empresas brasileiras subiu para 17% em 2022, quatro pontos percentuais acima dos 13% registrados em 2019. Os dados fazem parte do estudo Panorama Mulheres 2023 realizado pelo Talenses Group e pelo Insper com apoio do Movimento Mulher 360, da área de recrutamento, com 381 empresas no país. O levantamento, que foi lançado ontem em evento em São Paulo, também indica que a presença das executivas aumentou entre cargos de vice-presidente, de 23% para 34%; e em conselhos de 16% para 21%.
Realizada desde 2017, a pesquisa Panorama Mulheres tem o objetivo de mapear a presença de executivas em postos de liderança, analisar os efeitos das presidências femininas na composição, por gênero, dos cargos de decisão, e estudar características de corporações comandadas pelas profissionais.
Este ano, o levantamento incluiu a análise de políticas de gênero desenvolvidas pelas empresas em resposta aos impactos da pandemia. Segundo o estudo, 50% das companhias com mulheres na presidência realizaram alguma ação ligada à diversidade e “empoderamento” das funcionárias nos anos de pico da crise sanitária. Nas corporações conduzidas por homens, esse índice é de 38%.
Entre as principais medidas realizadas, estão programas com foco em saúde mental e acompanhamento psicológico; adaptações de expedientes, com horário flexível ou home office e facilidades para conciliar o trabalho com a rotina doméstica.
Confira insights da Pesquisa Panorama Mulheres 2023
- Uma mulher no exercício da função de presidente gera efeitos em toda a composição de gênero nos cargos de liderança da empresa. Os dados indicam que a proporção de mulheres nos cargos de vice-presidência, diretoria e conselhos é 2x maior, na média, quando a presidência é ocupada por uma executiva do que com um executivo no mesmo cargo;
- Nas empresas familiares, 25% das presidências são ocupadas por mulheres, enquanto nas companhias de administração profissional o índice cai para 14%;
- Depois de RH, as áreas com maior prevalência de profissionais do gênero feminino na vice-presidência foram finanças (25%) e jurídico (18%). Sem surpresas, o setor de tecnologia é o que conta com menor participação feminina;
- O quadro é similar quando se observa as posições de diretorias. Recursos humanos é a área com maior predominância de diretoras mulheres (45%), seguido por marketing (30%);
- Ainda há pouca evolução no avanço de mulheres negras para a liderança, tanto nas empresas presididas por homens, quanto nas lideradas por elas. A maioria das VPs são brancas, mas há diferença na proporção de mulheres negras que é 10 vezes maior com uma mulher CEO (43% x 4%);
- Há correlação entre a existência de compromissos formais de implementação de ações e a mudança efetiva no perfil de gênero na liderança das organizações. Com um compromisso formal (associação ao Movimento Mulher 360, ser signatária dos WEPs /ONU Mulheres Brasil ou Pacto Global da ONU no Brasil), a probabilidade de uma mulher ocupar uma vice-presidência é 10% maior do que quando ele não existe compromisso algum.
“Não adianta falar que tem 40% de mulheres em um total isso até engana – e depois vamos ver quais as áreas, quais os cargos, qual a velocidade da jornada, e quando vejo, mais de 60% estão em comunicação, jurídico, financeiro, RH. E quando elas ascendem à liderança, vão ser diretoras de RH, de marketing, jurídico”, afirma Margareth Goldenberg, gestora executiva do Movimento Mulher 360.
“Agora, alguém consegue ser CEO de uma empresa ficando 20 anos no RH? É preciso ter mobilidade interna em áreas core do negócio, passando por vendas, desenvolvimento, operação, para conhecer o negócio e poder ser uma CEO. Não é só no cargo que elas estão estagnadas, mas também nas áreas”, complementa.
Para conferir o documento na íntegra, acesse: https://bit.ly/42TsGPo.
Com informações do Valor Econômico
Saiba mais: Confira dicas para ampliar a presença feminina na liderança das empresas
e “A diversidade é um fato, mas a inclusão é uma escolha, e é nisso que precisamos focar”, afirma Felipe Balbino