O que realmente diferencia homens e mulheres no topo das empresas?


Quem vem à sua mente quando você pensa em liderança? Se a resposta foi um homem, saiba que essa associação reflete um viés inconsciente amplamente disseminado. A expressão “Think leader, think male” (pense em liderança, pense em homens) traduz essa percepção, que ainda influencia decisões dentro das empresas. Mas será que existem diferenças reais na forma de liderar?
O estudo Quebrando mitos sobre liderança e gênero, do Insper e Robert Half, investigou essa questão com 1.464 profissionais de diferentes setores e níveis hierárquicos. Os resultados são claros: não há diferenças estatisticamente significativas entre lideranças femininas e masculinas em atributos essenciais para uma gestão eficaz.
As competências avaliadas – como autenticidade, integridade, humildade e competência técnica – foram percebidas de forma semelhante, independentemente do gênero. Ou seja, a ideia de que há um “jeito masculino” ou “feminino” de liderar é um mito. Ainda assim, obstáculos estruturais continuam limitando o crescimento profissional das mulheres.
Um dos fatores apontados é a menor busca por promoções. Enquanto muitos profissionais se candidatam a cargos de liderança mesmo sem atender a todos os requisitos, grande parte das mulheres espera preencher 100% das qualificações antes de se arriscar. Esse padrão, já identificado em pesquisas internacionais, afeta diretamente a ascensão feminina.
Além disso, a preocupação com o equilíbrio entre vida profissional e pessoal se intensifica ao longo da trajetória. Enquanto homens tendem a reduzir essa preocupação com o tempo, as mulheres passam a questionar mais o impacto de suas funções em sua rotina, o que pode levá-las a hesitar antes de aceitar novos desafios.
Outro ponto relevante é a percepção de competência. Embora as lideranças se avaliem igualmente capacitadas, a insegurança pesa mais para elas. Muitas profissionais demonstram receio de não corresponder às expectativas, o que pode frear suas carreiras.
A boa notícia é que as empresas podem (e devem) atuar para reduzir essas barreiras. Programas de mentoria, incentivo à autoconfiança e mudanças nas políticas de promoção são algumas das iniciativas que contribuem para reverter esse cenário. Além disso, criar ambientes corporativos mais diversos e inclusivos é essencial para garantir oportunidades iguais de crescimento.
Como destaca Tatiana Iwai, pesquisadora do Insper: “São mitos que, ao invés de ajudar, muitas vezes limitam as possibilidades que podem ser exploradas no exercício da liderança.”
Se as competências são equivalentes, é hora de questionar os desafios que ainda dificultam o acesso das mulheres aos cargos mais altos. O verdadeiro problema não está na capacidade de liderar, mas nas barreiras invisíveis que ainda precisam ser derrubadas.
Para ler o estudo Quebrando mitos sobre liderança e gênero na íntegra, acesse https://bit.ly/41NMGF9
Com informações de Robert Half e Insper
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