Mulheres enfrentam desafios invisíveis na ascensão profissional, aponta estudo do LinkedIn


O avanço das mulheres no ambiente corporativo ainda esbarra em uma série de obstáculos estruturais e simbólicos que comprometem seu pleno desenvolvimento. O estudo recente realizado pelo LinkedIn, State of Women in Leadership, escancara a realidade de profissionais que, apesar da competência e da dedicação, continuam enfrentando barreiras silenciosas na trajetória de ascensão.
De acordo com a pesquisa, 3 em cada 10 mulheres afirmam já ter se sentido desestimuladas a buscar cargos de liderança. Esse desânimo, longe de ser uma questão individual, revela um problema sistêmico. O estudo indica que essa percepção está diretamente relacionada à ausência de exemplos femininos em posições de liderança, bem como à sobrecarga de responsabilidades e à falta de incentivo dentro das organizações.
Outro dado relevante é que 45% das participantes acreditam que precisam atender a todos os requisitos de uma vaga para se candidatarem, enquanto esse percentual é de 32% entre os homens. Essa diferença reflete não apenas padrões de autoconfiança, mas também o impacto da socialização de gênero, que historicamente exige que elas sejam “perfeitas” para serem consideradas minimamente competentes.
O relatório também evidencia o papel central que o ambiente corporativo pode (e deve) desempenhar na transformação desse cenário. A implementação de políticas afirmativas, o estímulo à formação de lideranças femininas e o compromisso com a equidade de oportunidades são caminhos fundamentais para romper esse ciclo.
Para além dos números, o estudo trouxe depoimentos que traduzem em palavras o que muitas sentem, mas nem sempre verbalizam. “Falta segurança para dar o próximo passo. A gente aprende a duvidar de si desde cedo”, relatou uma das entrevistadas pela pesquisa, reforçando a importância de estratégias que valorizem a confiança e promovam espaços mais acolhedores.
O estudo também propõe que as lideranças corporativas ampliem o olhar sobre diversidade e inclusão, tratando a equidade de gênero como uma pauta estratégica e transversal. Isso inclui revisar critérios de promoção, incentivar feedbacks estruturados e criar métricas que evidenciem os avanços – ou a falta deles – nesse campo.
Outro ponto essencial abordado pela análise é a necessidade de construir redes de apoio, tanto internas quanto externas, que fortaleçam a jornada das profissionais em diferentes estágios da carreira. Mentorias, grupos de afinidade e espaços de escuta são ferramentas eficazes para combater o isolamento que muitas enfrentam ao ocupar espaços de liderança.
Embora o avanço feminino no mercado de trabalho tenha se intensificado nas últimas décadas, ainda há um longo caminho a ser percorrido para que a equidade seja, de fato, uma realidade. O estudo do LinkedIn serve como mais um alerta de que não basta incluir, é preciso criar condições reais para que todas possam prosperar.
Nesse contexto, iniciativas como o Movimento Mulher 360 continuam sendo fundamentais para fomentar o debate, articular soluções e mobilizar empresas em torno de uma transformação efetiva e contínua. O compromisso com a equidade de gênero não deve ser apenas um discurso, mas uma prática incorporada à cultura organizacional.
Com informações de Propmark e Valor Econômico
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