Diferenças salariais são ainda mais críticas no recorte de raça, segundo Relatório Nacional de Transparência Salarial
De acordo com o 1º Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), as diferenças na média de remuneração e salário contratual vão além das questões de gênero: o recorte de raça ainda tem o cenário mais crítico.
A pesquisa traz a informação que a remuneração média das mulheres negras é R$ 3.041,00, menor que a média paga às mulheres brancas (R$ 4.552,00). Mulheres negras ganham menos que homens negros também, cuja remuneração média é de R$ 3.844,00. O documento ainda mostra que o valor recebido por homens negros está bem abaixo da média salarial paga às mulheres brancas.
Segundo Luciene Malta Rodrigues, gerente de Relações Institucionais do Movimento pela Equidade Racial (Mover), o que mais chamou a atenção no Relatório, foi o fato de que homens negros ganham menos que mulheres não negras, ressaltando que há uma dimensão racial que precede a questão de gênero – tema importante e muitas vezes menos discutido.“Na base da pirâmide, está a mulher negra ganhando bem menos, seguida do homem negro ganhando um pouquinho mais que a mulher negra, mas com uma remuneração menor do que a mulher branca. No topo da pirâmide, está o homem branco, ganhando mais que todo mundo, ou seja, uma discrepância muito grande”, observa.
A profissional ainda diz que a pauta racial não pode ser negligenciada no dia a dia das empresas. “Precisamos discutir com as lideranças, sobretudo as que estão no estágio intermediário, que são responsáveis pelas contratações, e fazer um trabalho de letramento racial. A conscientização das lideranças é fundamental, mas ouvi-las e esclarecer as dúvidas delas com relação à pauta de equidade racial é crucial”, enfatiza.
Rodrigues também destaca que a maioria das pessoas têm atitudes racistas muitas vezes sem perceber, da mesma forma que acontece com o machismo – o problema é estrutural, e por isso é importante debater sobre o assunto para lidar com os vieses inconscientes.
Desde 2021, quando foi fundado, o Movimento pela Equidade Racial tem dado visibilidade à pauta de equidade racial nas empresas e passou a inserir a população negra nessas rodadas de discussão, para que as ações fossem construídas coletivamente.
Na sequência, metas foram criadas: ter mais 10 mil posições de liderança ocupadas por pessoas negras até 2030 nessas companhias e gerar 3 milhões de oportunidades para a população negra até essa data.
Ao todo, somam-se ao movimento 50 empresas de médio e grande porte e de segmentos diferentes da economia, incluindo o BNDES, única do setor público.
Para conferir o documento, acesse https://bit.ly/4cUngch
Com informações do Valor Econômico
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