"Vivemos hoje uma oportunidade de ação positiva de gênero", diz Phumzile Mlambo-Ngcuka
Em artigo publicado no LinkedIn, Phumzile Mlambo-Ngcuka, subsecretária-geral da ONU e diretora executiva da ONU Mulheres, levanta uma questão importante sobre a COVID-19: o momento que vivemos é uma oportunidade de ação radical e positiva para corrigir as desigualdades de longa data em várias áreas da vida das mulheres no mundo.
“Este é um momento para os governos reconhecerem a enormidade da contribuição que as mulheres dão e a precariedade de muitas. Isso inclui uma atenção especial em setores em que as mulheres são super-representadas e mal remuneradas, como as mulheres que recebem por dia, pequenas empreendedoras, aquelas que trabalham nos setores de limpeza, cuidadoras, e na economia informal”, afirma Mlambo-Ngcuka.
Com as crianças fora da escola, por exemplo, Mlambo-Ngcuka faz um alerta: algumas mães ainda podem trabalhar remotamente, mas muitas, também, se tornam professoras e cuidadoras, com conseqüências diretas para aquelas anteriormente empregadas nessas funções.
“Para as 8,5 milhões de mulheres trabalhadoras domésticas migrantes, frequentemente com contratos inseguros, a perda de renda também afeta seus dependentes em casa. Mulheres profissionais estão relatando o dilema de precisar voltar ao escritório, mas precisar renunciar a isso para permitir o trabalho contínuo de seus parceiros com maior salário. À medida que as escolas fecham em mais países, o número de mães que enfrentam essa realidade em todo o mundo aumenta e as consequências se acumulam”.
Para ela, nada do cenário que envolve a Covid-19 é, apenas, uma questão de saúde. É um choque profundo para nossas sociedades e economias, expondo as deficiências de acordos públicos e privados que atualmente funcionam apenas se as mulheres desempenharem papéis
múltiplos e, ainda, mal pagos.
Apesar de tudo, há espaço não só para a resistência, mas também para a recuperação e o crescimento. “Dar os passos certos agora, de olho em um futuro restaurado, pode trazer alívio e esperança às mulheres do mundo todo”.
Confira o artigo na íntegra (em inglês): https://bit.ly/34qnzsE