"Saúde mental comprometida entre mulheres nas empresas pode desestimular gerações futuras", diz Adriana Myssior
Mulheres possuem os piores indicadores relacionados à exaustão, preocupação constante e volume de demandas, segundo o Índice de Bem-Estar Corporativo, pesquisa desenvolvida pela Zenklub. Elas também representam o público com maior suscetibilidade aos adoecimentos relacionados ao ambiente de trabalho. Promover uma cultura inclusiva, focada no bem-estar e saúde mental, é uma das alternativas para melhorar o desempenho e reduzir o turnover nas organizações.
Por sentir essa falta de acolhimento e conhecer os desafios em conciliar a vida pessoal com a profissional sem ter apoio adequado por empregadores, Adriana Myssior e outras duas executivas fundaram a consultoria B.E.M. “A B.E.M., acrônimo para bem-estar mental, nasce de um sonho de propiciar um ambiente de trabalho mentalmente saudável e promover a cultura do bem-estar por meio de pessoas e para pessoas”, conta. “Considerando que as estatísticas mostram que o estresse, a ansiedade e depressão afetam mais mulheres do que homens, e que o Brasil, segundo a OMS, é o país mais ansioso do mundo, queremos ajudar as empresas a direcionarem seus esforços também para a saúde mental das profissionais, além de construir um ambiente psicologicamente seguro para todas.
A saúde mental comprometida entre as mulheres nas empresas pode desestimular gerações futuras a estabelecerem objetivos profissionais nas organizações, particularmente se quiserem iniciar uma família. Isso poderia exacerbar ainda mais as desigualdades de gênero que já existem”, complementa.
Em entrevista ao Movimento Mulher 360, Adriana Myssior traz dados que reforçam a importância do tema nas organizações e os impactos na promoção da equidade de gênero. Confira.
MM360 – Como surgiu a B.E.M. e quais são as frentes de atuação?
A B.E.M., acrônimo para Bem-Estar Mental, nasce de um sonho de propiciar um ambiente de trabalho mentalmente saudável e promover a cultura do bem-estar por meio de pessoas e para pessoas. Nós, fundadoras da B.E.M, viemos do ambiente corporativo e entendemos a dinâmica do local de trabalho, muitas vezes adoecido e que impacta na nossa saúde mental (falta de reconhecimento, assédios, perfil inadequado para as funções, desequilíbrio entre vida pessoal e profissional, relações tóxicas, falta de processos, recursos etc); conhecemos os anseios das empresas em aumentar a produtividade, o valor de mercado e diminuir custos; e nos identificamos com angústias das pessoas colaboradoras que atualmente estão repensando a maneira como trabalham e como vivem para o trabalho.
Nosso propósito é solucionar essa equação na fonte: cuidar do ambiente, proteger a saúde mental e bem-estar das pessoas, aumentar ganhos, eficácia, produtividade das empresas, evitar os litígios e atrair e reter talentos. Sabendo que a saúde mental é multifatorial, nossa atuação inicia na escuta clínica, entrevistas psicológicas, análise dos dados internos (pesquisa de clima, desligamento etc.) e na elaboração de um diagnóstico, uma perspectiva de fora, um diálogo humano, para identificar o que não está bem na empresa e propor o foco de atuação.
Podemos atuar em empresas de diferentes portes, ou seja, desde startups, que ainda não estruturaram seus processos de gestão de pessoas e isso pode impactar na saúde mental da equipe e dos empreendedores, até nas companhias maiores que já possuem uma preocupação com a saúde e bem-estar, mas que precisam de um diagnóstico externo sem qualquer viés.
MM360 – Qual a importância de as empresas estarem atentas à saúde mental de seus colaboradores?
Podemos afirmar que existem as importâncias humanas, legais e econômicas. Começando pelas questões econômicas, segundo a OMS, para cada dólar gasto em saúde mental, existe um retorno de 4 dólares. Há ainda um custo das empresas, muitas vezes invisível, chamado presenteísmo, que gera perdas anuais de U$ 17 bilhões de dólares em produtividade no local de trabalho.
Além disso, as empresas que desejam fazer parte da agenda ESG precisam, dentro do “S”, focar em saúde mental para que essa questão não seja tratada apenas como uma medida emergencial, mas, sim, como um tema perene e que faça parte da estratégia de negócio das companhias. Nas questões legais, como muito é falado, o burnout passou a ser uma síndrome 100% ligada ao trabalho e não exclusivamente da pessoa trabalhadora.
Existe uma preocupação, por parte das empresas, do aumento de litígios, perícias e afastamento de colaboradores. E as questões humanas para proporcionar um ambiente psicologicamente seguro, livre de assédios, bem-estar, relações positivas, senso de justiça e, principalmente, igualdade para as mulheres poderem ser elas mesmas, respeitando a maternidade, as emoções e suas vulnerabilidades.
MM360 – E no que diz respeito às mulheres, uma vez que elas estão mais sobrecarregadas em casa, refletindo no trabalho?
Considerando que as estatísticas mostram que o estresse, a ansiedade e depressão afetam mais mulheres do que homens, e que o Brasil, segundo a OMS, é o país mais ansioso do mundo, queremos ajudar as empresas a direcionarem seus esforços também para a saúde mental das profissionais, além de construir um ambiente psicologicamente seguro para elas. A saúde mental impactada entre mulheres nas empresas pode desestimular gerações futuras a estabelecerem objetivos profissionais nas organizações, particularmente se quiserem iniciar uma família. Isso poderia exacerbar ainda mais as desigualdades de gênero que já existem.
É preciso uma ação imediata e soluções adequadas se quisermos manter a igualdade esperada, e não um retrocesso para as “donas-de-casa-mães-esperam-maridos” dos anos 1950.
MM360 – Como as empresas podem se tornar parceiras da B.E.M.?
Valorizamos as trocas e a escuta com as empresas que identificam alguma necessidade de cuidar da saúde mental da equipe, que se importam com o capital humano, com o bem-estar de colaboradores.
A B.E.M. quer dialogar com essas organizações! Como? É só entrar em contato pelos e-mails adriana@bemsaudemental.com ou liza@bemsaudemental.com, por WhatsApp (11) 99755-8992, ou por meio do nosso perfil no Instagram.
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