Empresária cria Grupo para empoderar mulheres no setor de joias
Desde que entrou no mercado de joias, Ali Pastorini, empresária brasileira, presidente do Grupo Mujeres Brillantes, apoia o empoderamento da mulher no setor. Em 2015, quando nomeada vice-presidente do World Jewerly Hub (primeira Bolsa de Diamantes na América Latina) e única representante feminina nos encontros internacionais, percebeu que deveria ser mais ativa e aproveitar a sua posição de executiva para empoderar as mulheres no setor.
A ideia do Grupo Mujeres Brillantes veio pouco tempo depois, em 2016. O objetivo da iniciativa é ser uma fonte de apoio, educação, informação e companheirismo entre as empresárias, dar as ferramentas para as mulheres se desenvolverem no mercado e prepará-las para assumir cargos executivos, se esse for um desejo delas.
Até o presente momento, o grupo conta com representantes de mais de 15 países. Entre eles, Brasil, Bolívia, Colômbia, México, Itália, Espanha e Romênia. “A cada semana, mais mulheres ao redor do mundo aderem ao movimento. Vejo o anseio e a insatisfação delas no setor, globalmente, com o atual cenário. Há muitas mulheres designers e consumidoras, mas poucas têm espaço e voz para contribuir com decisões importantes na indústria”, relata Ali.
Atualmente, o grupo realiza trunk shows, eventos nacionais (em países latino-americanos) e internacionais (em outros continentes), onde acontecem debates sobre questões relevantes no setor, de um ponto de vista feminino; seminários e cursos de gemologia, marketing, vendas, expansão da marca, estratégias de negócio etc. Além dessas atividades, há, também, um programa de tutoria para que as mais experientes, com mais de 15 anos no mercado, orientem os primeiros passos de uma joalheira novata.
Outra forma de o grupo divulgar a ideia é o canal Mujeres Brillantes, no YouTube, que trabalha com temas relevantes para a maioria das mulheres, independentemente do mercado. “É um espaço para as joalheiras promoverem suas marcas, e também uma forma de nos aproximarmos dos Millenials (novos consumidores dos nossos tempos). Com debates e entrevistas em espanhol, português e inglês, postamos um vídeo por semana”, conta Ali.
Para contar, de forma mais detalhada, a experiência do Grupo Mujeres Brillantes, o Movimento Mulher 360 entrevistou Ali Pastorini.
Movimento Mulher 360: Quais foram os principais desafios profissionais da sua trajetória nesse contexto do setor de joias?
Ali Pastorini: Os desafios profissionais que tive foram relacionados a quebrar conceitos preexistentes por parte de líderes na nossa indústria. O fato de ser mulher e jovem ocupando posições de destaque no setor, e também de ser latina. Sempre encarei esses obstáculos de uma maneira muito positiva. Nunca vi ou agi como se isso fosse um problema. De certa forma, entendi essa resistência no começo. Isso me fez avaliar e aprender a não cometer os mesmos erros deles e me tornar uma profissional melhor e mais relevante na nossa indústria. Talvez, se não houvesse essa resistência, eu seria uma profissional acomodada, que não chegaria aonde eu cheguei hoje. Encaro todos os desafios muito consciente de que aquela experiência pela qual estou passando é boa e necessária.
Movimento Mulher 360: Como tem sido a jornada de entrevistas com mulheres ao redor da América Latina e o feedback em relação ao Grupo?
Ali Pastorini: Melhor do que esperado. Imaginava que pudesse haver uma certa resistência, por saber que tudo o que é novidade gera uma certa resistência, mesmo quando é benéfica para o público-alvo. O feedback foi fantástico desde a criação do canal. Provavelmente, porque não viemos para impor ideias ou criticar um grupo específico do setor. Procurei, desde o princípio, tornar a voz da mulher na indústria algo natural. Em vez de apenas dar discursos, ao redor do mundo, sobre diferentes assuntos na nossa indústria, hoje, temos um espaço onde todas podem falar e compartilhar suas experiências de uma maneira inteligente e consciente.
Movimento Mulher 360: Quais são os desafios do Grupo Mujeres Brillantes?
Ali Pastorini: O principal desafio é a mulher sair da zona de conforto como joalheira e ser mais ativa na indústria. Se hoje estou onde estou, uma das razões foi porque não aceitei o que me foi imposto e simplesmente não tive receio de mostrar meu valor e questionar o conservadorismo na nossa indústria, mesmo correndo o risco de ser julgada. A mulher, em geral, tem que entender que ela tem força e não precisa ter receio. É importante, antes de querer brigar por espaço, preparar-se da melhor maneira para reivindicar o que lhe é de direito.
Não queremos favores ou cortesias. Queremos as mesmas oportunidades, e que mereça quem estiver melhor preparado, naquele determinado momento, para assumir um cargo de destaque, seja homem ou mulher. O que ocorre, em alguns casos ao redor do mundo, é que não é dada nem a oportunidade de a mulher brigar por essa posição. Há casos, como na Espanha, em que essa realidade é um pouco diferente. Mesmo dentro do Brasil, há alguns estados que, aos poucos, estão se conscientizando e já têm mulheres em cargos executivos. Porém, em vários países do mundo, a mulher tem pouquíssima oportunidade. E em cargos internacionais, como o que eu exerço atualmente, esse número despenca.
Movimento Mulher 360: E a reação do setor de joias em relação ao Grupo?
Ali Pastorini: A reação do setor de joias tem sido relativamente boa. Há uma certa resistência que não me surpreende. Estamos falando de décadas e décadas nas quais o setor esteve acostumado com líderes homens, brancos, com mais de 50 anos de idade. Quando eu fui nomeada vice-presidente do World Jewelry Hub e participei do Primeiro Encontro Internacional de Executivos, no início, houve um certo choque da parte deles. Hoje, eles estão acostumados e sou muito bem recebida.
Movimento Mulher 360: Quem pode fazer parte do Grupo Mujeres Brillantes?
Ali Pastorini: Mulheres ao redor do mundo que já estejam há mais de um ano no mercado de joias, relógios, diamantes, pedras preciosas ou bijuteria. O passo, nesse primeiro estágio, é simples: basta enviar uma mensagem para info@mubri.com ou nos encontrar nas redes sociais para saber mais.