7 lições sobre liderança que homens podem aprender com mulheres
Estudo feito pela Consultoria de Desenvolvimento de Liderança Zenger/Folkman, em 2012, apontou que líderes mulheres são consideradas tão ou mais competentes do que líderes homens. A análise foi realizada novamente em 2019, e trouxe o mesmo resultado: segundo os entrevistados, as pessoas do sexo feminino em cargos de liderança são tão ou mais eficientes, desta vez em 84% dos critérios analisados.
De acordo com os participantes da pesquisa, as mulheres se destacam na capacidade de tomar iniciativas, atuar com resiliência, investir em autodesenvolvimento, focar em resultados e demonstrar honestidade e integridade. Já os homens foram classificados como melhores apenas em desenvolvimento de perspectiva estratégica e especialização técnica ou profissional.
Para Tomas Chamorro-Premuzic, cientista chefe de talentos da ManpowerGroup e professor de Psicologia Empresarial na University College London (Reino Unido) e na Columbia University (Estados Unidos), e Cindy Gallop, fundadora e CEO da IfWeRanTheWorld, incentivar os homens a aprenderem lições a partir da liderança feminina pode criar um grupo melhor de modelos a serem seguidos.
“Em vez de incentivar mulheres a agirem como líderes homens, deveríamos pedir àqueles que estão no comando que adotem alguns dos comportamentos em liderança mais eficazes, comumente encontrados nas mulheres. Isso criaria um grupo melhor de modelos a serem seguidos, preparando o terreno para que, tanto homens como mulheres, progridam”, afirmam os profissionais em artigo publicado nesta semana na Harvard Business Review.
Os autores destacam sete lições fundamentais em liderança que homens podem aprender com mulheres. Confira.
1 – Não reverencie o que não merece ser reverenciado
Existe uma tendência para dizer às mulheres que reverenciem qualidades como assertividade, coragem ou confiança. Nos homens, esses atributos podem se manifestar como autopromoção, ao receber créditos pelo sucesso alheio e ao agir de maneira agressiva. Em um mundo coerente, o ideal seria promover pessoas para cargos de liderança com base na sua competência, em detrimento da autoconfiança, avaliando experiência, histórico e competências relevantes como, por exemplo, inteligência, curiosidade, empatia e integridade. Tomas e Cindy apontam que todos esses atributos são muito mais bem avaliados por meio de embasamento científico do que por meio de uma típica entrevista de emprego.
2 – Conheça as suas próprias limitações
Vivemos em um mundo que valoriza a autoconfiança, mas é muito mais importante ter autoconhecimento. Em geral, essas duas características entram em conflito. Por exemplo, conhecer suas limitações (defeitos e fraquezas) é incompatível com níveis crescentes de autoconfiança, e a única razão para ser extremamente desprovido de insegurança e dúvida é a ilusão.
Embora as mulheres não sejam tão inseguras quanto os livros de autoajuda e grande parte da mídia popular dizem que são, estudos, de fato, mostram que elas são, em geral, menos super confiantes do que os homens. Isso é bom porque as possibilita entender como as pessoas as veem, dando à elas a capacidade de identificar as brechas entre onde querem estar e onde, de fato, estão. As pessoas que se analisam sob uma ótica mais crítica do que outras são mais capazes de se preparar, mesmo que isso signifique uma preparação exagerada, que é uma maneira sólida de aumentar a competência e o desempenho.
3 – Motive por meio da transformação
Estudos acadêmicos mostram que mulheres têm maior propensão a liderar por meio da inspiração, transformando atitudes e crenças das pessoas, alinhando-as com significado e propósito em vez de lançar mão de recompensas e punições. Uma vez que a liderança transformacional está associada a altos níveis de engajamento de equipe, desempenho e produtividade, ela é um caminho essencial para a melhora do desempenho dos líderes.
Se os homens dedicassem mais tempo para conquistar a alma e o coração das pessoas, liderando com inteligência emocional e quociente de inteligência (QI), em oposição a confiar mais no QI e cultivar uma mudança de crenças – e não, comportamentos – eles seriam líderes melhores.
4 – Coloque as pessoas à sua frente
É muito difícil transformar um grupo de pessoas em uma equipe de alto desempenho quando seu foco principal é você mesmo. As pessoas que veem a liderança como um destino glorioso de carreira e como uma realização pessoal são muito egocêntricas para promover o bem-estar da equipe e destravar o potencial de seus subordinados. Imagine uma pessoa somente interessada em ser líder porque está em busca de um salário maior ou da sala do canto, de uma titularidade mais elevada ou qualquer outro status. Está claro que, inerentemente, essa pessoa está menos interessada em melhorar outras; a sua única meta é ter sucesso próprio.
Considerando que os homens são, em geral, mais egocêntricos do que as mulheres, eles tendem a liderar de forma narcisista e egocêntrica. Se o líder mediano deseja melhorar seu desempenho, ele teria bons resultados se adotasse um estilo de liderança menos egocêntrico.
5 – Não dê comandos, dê ênfase
Ao longo da história, falamos às mulheres que elas são muito simpáticas e carinhosas para serem líderes, mas a noção de que alguém que não seja assim possa liderar com eficiência está em desacordo com a realidade.
A liderança do século 21 exige que os líderes estabeleçam uma ligação emocional com seus seguidores e, possivelmente, essa seja a única razão para esperar que evitem a automação. Mesmo que a inteligência artificial consiga ter elementos e competências técnicas de liderança, enquanto ainda tivermos pessoas no trabalho, elas irão desejar a validação, o apreço e a empatia que só outros humanos – e não as máquinas – conseguem prover. Homens podem aprender como realizar isso de forma efetiva, observando e imitando as mulheres.
6 – Concentre-se em melhorar os outros
Mulheres líderes já provaram que têm mais propensão a treinar, orientar e desenvolver seus subordinados diretos do que os homens líderes. Elas são verdadeiras agentes de talentos e lançam mão do feedback e das diretrizes para auxiliar no crescimento das pessoas, o que significa ser menos transacionais e mais estratégicas em suas relações com os colaboradores -incluindo também a abertura para contratar pessoas que são melhores do que elas mesmas, pois existe menor probabilidade de o ego atrapalhar o percurso. Essa atitude possibilita destravar o potencial das pessoas e incentivar uma colaboração eficaz na equipe. Enquanto gravitarmos em direção a líderes egocêntricos e egoístas, a probabilidade de essas pessoas transformarem um grupo de outras em uma equipe de alta performance, é baixa.
7 – Não diga que você é “humilde”, seja humilde
Por cerca de 20 anos, temos procurado líderes humildes, mas continuamos a gravitar em torno daqueles que são arrogantes e narcisistas. Há claras disparidades de gênero em humildade, favorecendo as mulheres. É claro que nem todas elas são humildes, mas escolher líderes com base nesse atributo resultaria em ter mais líderes mulheres do que homens.
A humildade é essencialmente uma característica feminina, sendo também essencial para ser um grande líder. Sem humildade será muito difícil para qualquer pessoa no comando reconhecer erros, aprender com a experiência, levar em consideração a perspectiva de outras pessoas e ter disposição para mudar e ser melhor.
Talvez a questão não seja que homens não estejam dispostos – ou não queiram – mostrar sua humildade, mas sim, que nós os dispensamos da liderança quando eles assim agem. É preciso mudar, pois a humildade é um propulsor importante para uma liderança eficaz para homens e mulheres.
“A melhor intervenção na igualdade de gênero é concentrar-se na igualdade de talentos e potenciais. O que só acontece quando há igualdade de gênero na liderança a fim de possibilitar aos homens o aprendizado de diferentes abordagens de liderança com as mulheres, da mesma forma que a elas foi dito para que aprendessem essas abordagens com eles. As nossas dicas são um atalho. Aos homens, essas lições aceleram o desenvolvimento de liderança. Às mulheres, essas são as razões pelas quais vocês já deveriam ser líderes e porque devem exigir o que merecem”, dizem os autores ao encerrarem o artigo.
Com informações Época Negócios e Harvard Business Review