Mulheres são a maioria das vítimas de racismo e injúria racial no ambiente de trabalho
Um novo levantamento do Jusbrasil revela que 30% dos processos por racismo e injúria racial no Brasil têm origem no ambiente de trabalho. O estudo, que analisou quase 5 mil decisões judiciais entre janeiro e outubro de 2025, mostra um cenário ainda mais alarmante quando o recorte é de gênero: mulheres negras são as principais vítimas.
Entre os casos avaliados, 554 envolviam mulheres negras, enquanto 239 tinham homens negros como alvos. A diferença expõe a vulnerabilidade interseccional, em que racismo e machismo se somam e intensificam violações no cotidiano profissional.
Mesmo com formação e qualificação, mulheres negras continuam enfrentando barreiras para acessar empregos formais, receber remuneração justa e avançar para cargos de liderança. Segundo a Pnad/IBGE (2024), jovens mulheres negras chegam a ganhar 102% menos do que jovens mulheres brancas, reflexo de desigualdades estruturais que incluem sobrecarga, salários baixos e pouca mobilidade.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025 registrou mais de 37 mil ocorrências de racismo e injúria racial em 2024. Entre as decisões analisadas pelo Jusbrasil, 39,5% resultaram em condenação criminal, totalizando 1.910 casos.
Embora 1.291 decisões tratem de agressões cometidas por desconhecidos, 1.113 envolvem vínculo direto entre empregadores e profissionais, confirmando que a violência racial frequentemente se manifesta dentro das próprias organizações.
No campo legislativo, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que aumenta a pena para injúria racial cometida contra mulheres e pessoas idosas, reforçando a importância de proteção legal a grupos historicamente expostos à violência.
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