Pesquisa da Rede ANBIMA revela que participação feminina avança em cargos de gerência, mas desafios persistem na alta liderança

Uma nova pesquisa da Rede ANBIMA de Diversidade e Inclusão, iniciativa da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), feita pela Goldenberg Diversidade, mostra que a jornada para a equidade de gênero no mercado de capitais ainda enfrenta obstáculos, especialmente nos cargos de alta liderança. Embora as mulheres representem 35,4% do mercado, o equilíbrio de gênero se mostra mais próximo em níveis hierárquicos iniciais.
O estudo revela que, no patamar de gerência, o cenário é mais equitativo, com 42,9% de mulheres. Esse avanço é impulsionado, em grande parte, pelos bancos, onde 43,4% das gerentes são mulheres. Entretanto, a jornada é mais longa para os cargos de liderança: elas representam apenas 20,8% dos cargos de diretoria e 5,4% de CEOs. Em contrapartida, nos Conselhos de Administração, a lacuna de gênero é menor, com 33,9% de executivas.
A segunda edição da pesquisa, realizada com 154 instituições, aponta que o setor se considera mais engajado do que em 2022. Naquela época, 37% das empresas se avaliavam positivamente, contra 55% agora. No entanto, essa percepção positiva não se traduz em iniciativas robustas, já que apenas 14% das participantes indicaram ter ações regulares e com metas claras de DEI, enquanto a maioria (25%) tem iniciativas pontuais.
O levantamento também traz dados importantes sobre as ações de contratação e desenvolvimento de carreira. O recorte de gênero é a prioridade em 45% das contratações, seguidas por pessoas pretas e pardas (31%) e pessoas com deficiência (28%). O mesmo foco é visto nas práticas de desenvolvimento de carreiras, com colaboradoras sendo o público-alvo de 39% das iniciativas. Além disso, 57% das empresas afirmam ter ações focadas em reduzir as desigualdades salariais entre homens e mulheres.
A pesquisa da Rede ANBIMA também destaca a importância de outros grupos minorizados na agenda de Diversidade e Inclusão. O levantamento mostra que 80,9% das pessoas que trabalham no mercado de capitais são brancas, e 97,5% não têm deficiência. O mercado também considera DEI mais como um imperativo moral do que econômico, já que a maioria das instituições (67%) entende que a agenda contribui para uma “sociedade mais justa”.
O Relatório da ANBIMA, instituição associada ao Movimento Mulher 360, coletou dados a partir de um questionário online aplicado entre agosto e setembro de 2025, com empresas do mercado de capitais de quatro segmentos: assets, bancos, corretoras e distribuidoras e outras.
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