Pesquisa da to.gather revela qual será o futuro do trabalho de DEI nas empresas brasileiras

A diversidade e inclusão nas organizações seguem ganhando espaço nas agendas corporativas brasileiras, em comparação com o resto do mundo. É o que aponta a 3ª edição da pesquisa Panorama da Diversidade nas Organizações, realizada pela to.gather, startup especializada em dados de diversidade, em parceria com o MIT Sloan Management Review Brasil. O estudo ouviu 305 empresas de diferentes portes e setores, que juntas empregam mais de 2 milhões de pessoas, presentes nas cinco regiões do País.
O levantamento mostra que 70,2% das organizações já possuem uma estratégia formal para diversidade, equidade e inclusão (DEI), e 13,4% iniciaram a construção dessa estratégia em 2024. O avanço também é percebido em ações educativas: entre as empresas que relataram impactos positivos, 21,2% destacam o aumento de programas de sensibilização e capacitação sobre o tema.
Apesar dos avanços, os desafios ainda são relevantes. Entre os principais estão a dificuldade de mensurar resultados, a ausência de metas claras, a escassez de orçamento e a sobrecarga das lideranças de diversidade, muitas vezes sem equipe ou apoio institucional suficiente. Outro ponto de atenção está no recorte interseccional: as ações voltadas à inclusão de mulheres negras, pessoas LGBTQIAPN+ ou com deficiência ainda são minoria dentro das estratégias corporativas.
Em um contexto internacional de retração de políticas de DEI, especialmente nos Estados Unidos, o estudo também investigou como esse cenário impacta o Brasil. A boa notícia: mais da metade das organizações ouvidas (52,8%) afirmaram que não houve qualquer mudança, enquanto apenas 10,2% relataram redução de recursos ou ações. Em 6,6% das empresas, inclusive, o cenário global serviu como incentivo para ampliar o investimento em diversidade.
A explicação está na realidade local. No Brasil, mulheres e pessoas negras são maioria da população, e a legislação nacional inclui importantes marcos em prol da inclusão, como a Lei de Cotas e políticas públicas de equidade racial e de gênero, como explica a CEO e fundadora da to.gather, Érika Vaz.
“O Brasil, com sua riqueza demográfica e avanços legislativos em prol da inclusão, tem agora a oportunidade de assumir uma posição de protagonismo global nessa pauta. Temos todos os elementos necessários para liderar esse processo”, afirma.
A Arcos Dorados, empresa associada ao Movimento Mulher 360 e responsável pela operação do McDonald’s no Brasil, é um dos exemplos positivos no estudo. No país, a organização desenvolveu uma agenda robusta de DEI, com foco na empregabilidade de públicos historicamente minorizados. Além dela, empresas como a WTW e a PwC Brasil, também associadas, são citadas na pesquisa. Segundo o Panorama, ambas companhias se destacam pelo uso de métricas nas estratégias de DEI e pela inserção de parcelas minorizadas no ambiente de trabalho, respectivamente.
“Ampliamos nossas ações, aprofundamos o que já existia e passamos a agir com mais foco e propósito. Nesse caminho, as métricas ganham protagonismo, são elas que nos ajudam a definir prioridades e medir o progresso com clareza”, afirma Nathália Guerra Simões, especialista de ESG na WTW.
O Panorama da Diversidade nas Organizações foi construído com dados coletados por meio de um formulário online, entre os meses de março e maio de 2025, aplicados à profissionais de RH, diversidade ou ESG de empresas brasileiras. Os resultados foram gerados por meio de análises de representatividade de grupos diversos, considerando o porte das empresas.
Acesse a pesquisa completa em https://bit.ly/45nMGxc