1 em cada 6 mulheres vítimas de assédio no trabalho pede demissão após o ocorrido
O ambiente corporativo deveria ser um espaço de segurança e crescimento. No entanto, para muitas profissionais, ainda é marcado pela violência. É o que revela a pesquisa “Trabalho Sem Assédio 2025”, conduzida pela Think Eva em parceria com o LinkedIn, que mapeou o cenário do assédio sexual e moral nas empresas brasileiras.
Em sua 2ª edição, o levantamento ouviu mais de 3 mil pessoas em todo o país. Mais da metade (57%) afirmou já ter sofrido ou presenciado situações de assédio no trabalho. O impacto dessa realidade é alarmante: 1 em cada 6 mulheres vítimas de assédio acaba pedindo demissão. Essa evasão forçada de talentos femininos, impulsionada pela violência, ameaça tanto o avanço da equidade de gênero quanto o próprio desempenho das empresas.
Os dados confirmam que o assédio moral e sexual segue como um problema endêmico. Mais de um terço das entrevistadas já sofreu assédio sexual, e quase metade relatou ter vivenciado assédio moral. As consequências atingem diretamente a carreira e a saúde emocional: 19% das vítimas mudam suas expectativas em relação ao futuro profissional e 27% relatam piora no desempenho.
A pesquisa também revela a interseccionalidade do problema: profissionais em cargos intermediários e com menor renda são as mais vulneráveis. 66% das mulheres que já sofreram assédio sexual têm renda familiar de até cinco salários mínimos. Além disso, as que ocupam posições de Pleno ou Sênior (45,8%) e Assistente (29,2%) são as que mais relatam episódios evidenciando o risco maior em funções de alta pressão e pouca autonomia hierárquica.
Quando um caso ocorre, o medo e a descrença nos canais de denúncia são barreiras constantes. Apenas 10% das mulheres vítimas de assédio sexual recorreram aos canais formais. Entre quem sofre assédio moral, 48% apontam o receio de demissão como principal motivo para não denunciar.
A impunidade e o medo de exposição perpetuam o ciclo de violência, um problema que ultrapassa as vítimas e compromete a cultura, a reputação e os resultados das empresas. Para Maíra Liguori, cofundadora da Think Eva, a mudança exige coragem e compromisso:
“Muita gente está sofrendo assédio no trabalho e isso é ruim para todos: as pessoas, as empresas e a sociedade. É preciso coragem para enfrentar esse problema e garantir um ambiente de trabalho seguro e inclusivo de verdade. Fomentar o clima ético e a confiança nos canais de denúncia e protocolos de apuração não é bom só para os colaboradores, mas também para os negócios.”
O Movimento Mulher 360 reforça: criar um ambiente seguro e garantir que as vítimas não sejam penalizadas por denunciar são pilares essenciais para a equidade de gênero e a sustentabilidade do talento feminino no mercado.
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