Nestlé anuncia programa interno dedicado às mulheres vítimas de violência doméstica

O Dia Nacional de Luta Contra a Violência à Mulher, celebrado em 10 de outubro, adquire um tom de urgência ainda maior em 2025. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025 revelou que, no último ano, ao menos quatro mulheres morreram vítimas de feminicídio todos os dias. No total, foram notificados 1.492 feminicídios, o maior número já observado desde 2015, ano em que a Lei n. 13.104 entrou em vigor.
A dimensão da vitimização é alarmante. Conforme dados da 5ª edição da pesquisa “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Instituto Datafolha, 37,5% das mulheres brasileiras sofreram pelo menos um tipo de violência (física, sexual ou psicológica) por parceiro íntimo entre fevereiro de 2024 e fevereiro de 2025, o que representa cerca de 27,6 milhões de mulheres. A violência psicológica (31,4%) foi a mais relatada, seguida por física (16,9%), ameaças e stalking (16,1%).
A violência de gênero, além de ameaçar a vida, compromete a saúde mental e o desenvolvimento de carreira das mulheres, tornando a dependência econômica um dos principais fatores que as impede de romper o ciclo de abusos. Em 2024, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) registrou mais de 966.785 novos casos de violência doméstica na Justiça, número que reforça a importância de iniciativas que atuam como redes de apoio para mulheres em situação de violência.
A Nestlé Brasil, associada ao Movimento Mulher 360, reconhece que suas colaboradoras refletem a realidade da sociedade. Como resposta aos altos índices de violência, criou o programa Acolhidas no Ninho, conduzido pelo grupo de afinidades Força da Moça. A iniciativa reúne 29 pessoas voluntárias da empresa, capacitadas pela Promotoria de Justiça do Ministério Público de São Paulo e por uma médica psiquiatra.
O grupo, formado por ‘pessoas acolhedoras’, oferece um espaço de escuta e orientação sigilosa. Após o contato, a pessoa acolhedora direciona a vítima para o acompanhamento psicológico por meio do PEAC (programa de apoio emocional, financeiro e jurídico da Nestlé) ou para o acionamento da polícia em casos de risco iminente.
“Já impactamos mais de 1000 pessoas desde o início da campanha. E, além da base de conhecimento, o canal de escuta empática chamado “Acolhidas no Ninho” atua para ouvir e acolher a mulher que passa por algum tipo de violência ou tem dúvidas sobre o tema. Ela pode escolher uma pessoa da lista e entrar em contato. A lista é formada por pessoas voluntárias na Nestlé com capacitação para orientar mulheres que passam por qualquer tipo de violência doméstica”, ressalta Karoline Rusticci, Coordenadora de Comunicação e Relacionamento da Fundação Nestlé de Previdência Privada e líder do grupo de afinidade Força da Moça, responsável pelo programa.
Essa iniciativa se soma à série de palestras ‘Um Lugar Seguro’, que percorre unidades da Nestlé promovendo conscientização sobre os tipos de violência e os canais oficiais de suporte, com apoio de autoridades locais.
“Para além do Acolhidas no Ninho, promovemos a campanha ‘Um Lugar Seguro’ que viaja pelas unidades da empresa levando rodas de conversas para falar o que é a violência e, principalmente, como podemos sair dela. Todas as pessoas da Nestlé são convidadas para o encontro, porque precisamos sim colocar também os homens nessa conversa. Não é apenas sobre não ser violento, isso é o mínimo, mas precisamos de pessoas antiviolência e que sejam também uma rede de apoio,” reforça a executiva.
Se você é vítima ou conhece alguma mulher que sofre violência, não se cale! Ligue 180. A Central de Atendimento à Mulher recebe denúncias 24 horas por dia, 7 dias por semana, e a ligação é gratuita. Em casos de emergência, deve ser acionada a Polícia Militar, por meio do 190.
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