Pesquisa inédita mostra que equidade e reputação caminham juntas nas empresas brasileiras
Uma pesquisa inédita encomendada pelo Movimento pela Equidade Racial e pelo Movimento Mulher 360, aponta que o Brasil vive um momento de maior consciência e engajamento em torno da diversidade, equidade e inclusão. O estudo “Percepções sobre justiça racial e desigualdade de gênero no Brasil”, inspirado na metodologia do Edelman Trust Barometer, mostra que a sociedade reconhece as desigualdades, valoriza iniciativas inclusivas e espera que empresas e lideranças tenham papel ativo na transformação.
O levantamento revela que 92% da população reconhece a existência do racismo e da injustiça racial no país, sendo um consenso que atravessa diferentes grupos raciais. A percepção, no entanto, vem acompanhada de um chamado por mudanças estruturais: 67% das pessoas entrevistadas esperam que empresas se posicionem publicamente contra o racismo e a injustiça racial, e 64% defendem o mesmo tipo de atuação diante das desigualdades de gênero.
O estudo indica ainda que 71% têm uma percepção mais positiva de empresas com áreas formalizadas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), e 54% afirmam que seriam fiéis a marcas que adotam medidas reais para combater o racismo e as desigualdades. Em contraponto, 12% rejeitariam organizações que permanecem omissas diante dessas pautas, evidenciando como equidade e reputação estão cada vez mais conectadas.
Para 58% das pessoas participantes, uma área estruturada de DEI contribui diretamente para uma imagem institucional positiva. Além disso, 45% consideram programas formais essenciais ou muito importantes no ambiente de trabalho, enquanto apenas 5% avaliam essas iniciativas de forma negativa. A pesquisa mostra também que 55% enxergam a cultura inclusiva como determinante para atrair e reter talentos, reforçando a relação entre competitividade e compromisso social.
Entre as práticas mais valorizadas estão: remuneração livre de vieses de gênero, raça ou etnia; canais seguros para denúncias de preconceito e assédio; e diversidade em posições de liderança.
No campo institucional, as organizações da sociedade civil aparecem como as mais confiáveis no enfrentamento ao racismo (43%). Ao mesmo tempo, cresce a expectativa para que empresas e mídia desempenhem papéis mais ativos na promoção da equidade. Esse movimento reflete uma mudança cultural: o reconhecimento das desigualdades vem acompanhado da cobrança por responsabilidade de quem tem poder de impulsionar transformações estruturais.
Para Natália Paiva, diretora-executiva do Mover, os resultados mostram que o debate sobre diversidade alcançou um novo patamar. “O Brasil reconhece a desigualdade, mas o reconhecimento não é suficiente. É preciso transformar consciência em ação nas empresas, nas instituições e nas relações cotidianas. A pesquisa mostra que a confiança não está nas cúpulas, e sim nas pessoas. Liderar com coerência e empatia é o caminho para reconstruir credibilidade e fortalecer o impacto social”, afirma.
“O aumento da preocupação com a desigualdade de gênero é um sinal de maturidade social. As pessoas estão compreendendo que a equidade não beneficia apenas as mulheres, mas fortalece toda a estrutura social e econômica. Cada mulher que rompe o ciclo da desigualdade abre caminho para muitas outras, e é isso que a pesquisa mostra, que há uma nova geração disposta a ocupar seu lugar, com coragem, competência e voz”, complementa Margareth Goldenberg, gestora executiva do Movimento Mulher 360.
Realizada em formato quantitativo online, a pesquisa ouviu 2.181 pessoas com 18 anos ou mais, de todos os estados brasileiros, e analisou 101 perguntas sobre temas como raça, gênero, renda, escolaridade, orientação sexual e ambiente de trabalho. O objetivo foi compreender como a população brasileira percebe diversidade e equidade, especialmente no contexto corporativo.
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