Discriminação de gênero e racismo limitam acesso a crédito no Brasil
O acesso ao crédito no Brasil é um desafio, sobretudo para mulheres que empreendem. A 10ª edição da pesquisa Empreendedoras e Seus Negócios 2025, realizada pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME) em parceria com a Ideafix, traz dados que evidenciam desigualdades e obstáculos enfrentados nesse processo.
A maior parte das entrevistadas (65,5%) nunca buscou apoio financeiro para seu negócio; apenas 13,5% tentaram uma única vez. Entre aquelas que solicitaram crédito, 74,5% o fizeram como pessoa física, ou seja, um indicativo da alta informalidade entre empreendimentos femininos.
A cautela também aparece na aversão ao endividamento: 57,3% afirmaram que seus negócios não possuem dívidas, o que demonstra que evitam assumir riscos. Apesar disso, 72,1% têm alta negativação pessoal, sugerindo o uso de crédito pessoal para evitar restrições ao CNPJ.
A discriminação é um fator determinante para a limitação do crescimento dos negócios liderados por mulheres. Entre as que tiveram o pedido negado, 30,5% relataram discriminação durante o processo. O índice sobe para 35,5% entre aquelas que ainda aguardavam resposta. Os principais motivos citados foram gênero, raça/cor, classe social, território e escolaridade.
A desigualdade racial se expressa no acesso e no valor concedido. Enquanto 23% dos pedidos de mulheres brancas são negados, o índice sobe para 29% entre mulheres negras. Quando conseguem o recurso, os valores também são menores: apenas 6% das empreendedoras negras acessaram empréstimos acima de R$ 20 mil, ante 20% das mulheres brancas.
“A desigualdade racial também aparece no acesso: mulheres brancas têm 23% dos pedidos negados, contra 29% das mulheres negras. Além disso, os valores obtidos por mulheres negras tendem a ser menores”, explica Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora e do Instituto RME.
A maioria das empreendedoras tem entre 30 e 59 anos, é chefe de família (58,3%) e sustenta outras pessoas com sua renda (69,4%), que gira em torno de R$ 2.400 mensais. Embora alimentação (19,6%) e beleza (16,7%) concentrem a maior parte dos negócios, a presença feminina é baixa em setores de alto crescimento, como tecnologia e informação (2,4%).
Com informações de assessoria de imprensa
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