'A mulher não tem de optar entre ser mãe e executiva'

1 janeiro 2022 Foto de Margareth Goldenberg. Ela é branca, tem cabelos loiros presos, está maquiada e a mão esquerda está encostada no queixo. Ela veste uma blusa azul e usa um colar. Sorri levemente.

Abertura de oportunidades equitativas para mulheres passa por transformações culturais ainda em curso, afirma a consultora Margareth Goldenberg

A consultora de diversidade e inclusão Margareth Goldenberg, com 55 empresas como clientes – entre elas Magalu e Suzano – e gestora executiva do Movimento Mulher 360, diz que a abertura de oportunidades equitativas para mulheres passa por transformações culturais ainda em curso. Uma delas, segundo a especialista, é a mudança do conceito de que a maternidade é algo ruim e que vai tirar o foco da mulher na carreira. “A mulher não tem de optar entre ser mãe e executiva. Ser mãe ajuda a mulher a desenvolver várias habilidades úteis no mercado de trabalho.” Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

Quais são as principais barreiras que as mulheres ainda enfrentam no mercado?

Essa questão do intangível, do preconceito, avançou muito nas últimas décadas, mas todos os esforços ainda não conseguiram eliminar totalmente os vieses conscientes e inconscientes sobre as mulheres. Por exemplo, a gente acaba sendo muito bem aceita em carreiras de humanas, como recursos humanos, jurídico e marketing. Mas, quando você pega as áreas principais do negócio – finanças, vendas, comercial, tecnologia –, que levam ao cargo de CEO (presidente), os ambientes ainda são muito mais masculinos. E a mobilidade interna é muito importante. Segundo a FDC (Fundação Dom Cabral), 71% dos CEOs fizeram trajetória até o cargo dentro da empresa.

A busca por mudança precisa ser consciente?

Naturalmente. Se deixar tudo como está, se não tiver uma intencionalidade, não vai acontecer. Cinquenta por cento das mulheres saem do mercado até um ano e meio depois da licença-maternidade. Há uma concentração de mulheres nos cargos de entrada. Entre gerentes e diretores, somos 14%, segundo pesquisa do Instituto Ethos com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Ainda existe uma cultura excludente.

É preciso também criar um ambiente em que maternidade e carreira não sejam excludentes?

A mulher não tem de optar entre ser mãe ou executiva. Ser mãe ajuda a mulher a desenvolver várias habilidades úteis no mercado de trabalho, como gestão de tempo, gestão de conflitos e colaboração. As mães agregam ao ambiente de trabalho. É um viés que temos de combater, o de que ser mãe faz a mulher ser menos competente ou dedicada. Não faz sentido, é um mito. Até porque a paternidade acaba agregando: um homem acaba sendo mais bem visto (dentro das empresas) quando tem filhos.

Fonte: Estadão

 

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