Alessandra Bernardes

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Alessandra Bernardes é formada em Administração de Empresas e especializada em Marketing pela FAE Business Scholl PR. Possui MBA em Gestão Comercial pela Fundação Getúlio Vargas, e Pós-graduação em Filosofia pela PUC RS. Seu currículo também contempla extensão em Neurociência aplicada ao consumo pela ESPM. Anteriormente ocupou cargos gerenciais nas multinacionais AmBev, Kraft Foods e Nestlé. Atualmente se dedica a sua formação em Neurociência aplicada a foco e resultados pelo Instituto Neurovox.

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Saúde mental das mulheres: vamos conversar?

9 maio 2024

No topo da lista das doenças que afetam os trabalhadores atualmente estão os distúrbios emocionais e psicológicos. É crucial abordar cada vez mais essa questão, pois suas consequências são profundamente desestabilizadoras. Uma pesquisa conduzida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em setembro de 2022 revelou que mais de 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido à ansiedade e depressão, resultando em um custo econômico global de cerca de 1 trilhão de dólares. No Brasil, mais de 209 mil trabalhadores foram afastados de suas atividades em 2022 devido a transtornos mentais, como depressão e distúrbios emocionais.

O contexto feminino, em particular, enfrenta uma carga substancial, especialmente considerando o papel preponderante das mulheres nas tarefas de cuidado, que consomem mais de 21 horas semanais, em contraste com as 11 horas dedicadas pelos homens. Esse desequilíbrio contribui para sentimentos de culpa e sobrecarga, especialmente quando combinado com aspirações de sucesso profissional.

As mulheres enfrentam taxas de depressão duas vezes maiores do que os homens, influenciadas por uma interação complexa de fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais. Estudos sugerem que flutuações hormonais e pressões psicológicas únicas podem aumentar a vulnerabilidade das mulheres à depressão. Além disso, normas de gênero, desigualdades no local de trabalho e experiências de trauma e abuso contribuem para o aumento do risco de problemas de saúde mental entre as mulheres.

Fatores Biológicos: Alguns estudos sugerem que diferenças nos sistemas neuroendócrinos e hormonais podem desempenhar um papel na suscetibilidade à depressão. Por exemplo, flutuações hormonais durante o ciclo menstrual, gravidez e menopausa podem influenciar o estado emocional das mulheres. Desconsiderar esse fator pode ser um erro grave na busca de políticas corporativas e sociais que proporcionem acolhimento e assistência às mulheres.

Fatores Psicológicos: Mulheres podem enfrentar pressões psicológicas únicas, como expectativas sociais de equilibrar múltiplos papéis, como carreira, família e vida pessoal. Essas pressões podem levar a um maior estresse e ansiedade, contribuindo para o desenvolvimento da depressão. Atualmente, 1 a cada 2 mulheres são acometidas por doenças psicológicas ou de fundo emocional, enquanto entre os homens o índice é de 1 para 5.

Fatores Sociais e Culturais: Normas de gênero e expectativas sociais podem impactar a forma como homens e mulheres lidam com o estresse e a busca por ajuda. Mulheres podem enfrentar estigma em relação à saúde mental, o que pode dificultar a busca por tratamento adequado. Infelizmente, ainda, um comportamento isolado de desequilíbrio observado em uma mulher é automaticamente classificado como neurose, loucura, entre outros termos que corriqueiramente são usados para descrever uma mulher em um estado alterado de comportamento. Claramente, não se observa esse tipo de percepção quando é um homem que está em desequilíbrio.

Desigualdades de Gênero no Trabalho: No ambiente de trabalho, as mulheres ainda enfrentam desigualdades de gênero, como disparidades salariais, discriminação e assédio. Esses fatores podem contribuir para um ambiente de trabalho estressante e prejudicial à saúde mental das mulheres.

Histórico de Trauma e Abuso: Mulheres têm maior probabilidade de ter experiências de trauma e abuso, o que aumenta o risco de desenvolver depressão e outros transtornos mentais.

É importante ressaltar que esses são apenas alguns dos fatores que contribuem para a disparidade nos índices entre homens e mulheres. Cada caso é único e pode envolver uma combinação diferente de fatores. O tratamento eficaz requer uma abordagem holística que leve em consideração todos esses aspectos. Sabidamente, o fator humano transcende a questão de gênero, e a ocupação da sociedade e das organizações precisa ser sobre o todo. No entanto, seria um erro não considerar as vulnerabilidades e particularidades para as devidas tratativas e cuidados, afinal, o que buscamos é a equidade para a construção de um mundo mais justo e seguro para todas as pessoas.

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