Transcrição de Áudio

Trilha sonora

Margareth Goldenberg

Olá, seja bem-vinda, seja bem-vindo. Eu sou Margareth Goldenberg, gestora executiva do Movimento Mulher 360, e esse é o nosso podcast. Aqui, discutimos ideias e práticas com profissionais das empresas associadas que promovem a equidade de gênero dentro e fora das organizações.

E o tema desse episódio é justamente sobre a atuação das empresas para além dos seus muros. A desigualdade de gênero é sistêmica, é estrutural, e as barreiras se sobrepõem quando somados diversos marcadores sociais, impactando ainda mais mulheres negras, mulheres trans, mulheres periféricas. E as empresas que têm equidade de gênero como diretriz estratégica devem também influenciar a transformação na sociedade, investindo em iniciativas em prol da educação, da formação e da geração de renda.

Trilha sonora

Margareth Goldenberg

Sempre reforçamos a importância de ações afirmativas para dar oportunidades a mulheres de ingressar nas organizações, mas precisamos fazer mais do que apenas esperar por mulheres prontas para ingressar no mercado de trabalho. Investir em capacitação, em projetos de empoderamento econômico é um caminho que abre portas para o desenvolvimento de grupos que enfrentam inúmeras barreiras de ascensão e uma oportunidade de empresas formarem profissionais que poderão ser contratadas no futuro.

Para fazer isso acontecer, é fundamental que os times de responsabilidade social e investimento social privado estejam conectados às áreas de RH, diversidade e inclusão das empresas. Assim, é possível entender as possibilidades de atuação e cruzá-las com os desafios específicos que as mulheres encaram desde o início da sua formação.

E para entender melhor como isso funciona na prática, estou com a Emilene Esbrisse, Especialista em Diversidade, Equidade e Inclusão, da CPFL, Katielle Haffner, Head de Sustentabilidade, Relações Públicas e Comunicação, além de líder do grupo de afinidades de mulheres da Coca-Cola Brasil, e Flávia Schlesinger, VP de Finanças da PepsiCo Brasil, que vão contar para a gente sobre as iniciativas dessas empresas para impactar a educação na base da pirâmide. Muito obrigada por topar e participar desse bate-papo, sejam muito bem-vindas.

Começo chamando a Emilene para falar sobre a escola de eletricistas para mulheres da CPFL. Olá, Emilene, tudo bom? Conta pra gente como foi o processo de estruturação dessa iniciativa? Quais as expectativas relacionadas a ela?

Trilha sonora

Emilene Esbrisse

Olá, Margareth. Olá a todas que estão aqui com a gente hoje, quem está nos ouvindo. Primeiro, agradecer o espaço em nome da nossa empresa, dos nossos grupos de afinidade.

E esse projeto, ele é a riqueza aqui pra gente hoje em dia. Ele tem sido um projeto de grande orgulho, que envolve várias áreas do RH, que a gente tem área de treinamento, área de recrutamento, as áreas de negócio. E a gente tem vivido um sucesso bem importante com esse trabalho.

A gente iniciou, Margareth, em 2020, a nossa jornada em diversidade, equidade e inclusão. E no começo a gente já se perguntou por que as mulheres não participavam das escolas de eletricista. Já era um projeto existente há algum tempo na empresa. Nunca tivemos uma barreira explícita sobre a participação, mas a gente tentava fazer algumas coisas. E ainda assim a gente não tinha mulheres inscritas participando do processo.

Foi quando a gente falou: vamos tentar a ação afirmativa, aquela intencional, que não nos deixa na mão. E foi assim que fizemos. Foram duas escolas no ano de 2021 como projeto piloto, uma no Rio Grande do Sul e uma em São Paulo.

As duas escolas foram um grande sucesso. A gente teve uma preocupação bem importante de olhar para as escolas, entendendo os desafios que as mulheres poderiam perceber para uma carreira de eletricista. Então, a gente trabalhou em campanha de comunicação. A gente fez parceria com algumas instituições de empregabilidade para mulheres na região, porque a gente queria que elas, de fato, soubessem que aquele lugar era para mulher também, que a gente queria que as mulheres estivessem lá. E o resultado foi impressionante. Uma das escolas que a gente fez no Rio Grande do Sul, a gente teve mais de 800 inscritas. Foi algo muito fora de qualquer parâmetro de escola de eletricista que a gente tinha tido até aquele momento.

A gente teve todo um cuidado também, porque seria simples fazer o processo da escola, chamar as mulheres e pronto. Mas acho que o ponto principal do nosso sucesso foi a preparação para esse momento. Então, a gente trabalhou no olhar para a infraestrutura, se a gente tinha vestiários, equipamentos, se a infraestrutura estava acessível e adequada para essas mulheres. E como a liderança e os colegas de trabalho, predominantemente homens até aquele momento, lidariam com essa mudança e elas também. Então, esse foi um pouco do nosso processo em ter intencionalidade na atração, ter intencionalidade na preparação e também ter momentos específicos voltados para a inclusão dessas mulheres.

E não deu apenas a outra, deu muito bom para a gente. A gente está aqui agora com muitas outras escolas, rodando em outras especialidades, inclusive, porque se mostrou um grande sucesso na nossa empresa.

Margareth Goldenberg

Muito bacana, Emilene. A gente vem acompanhando e aplaudindo essa transformação. Parabéns. Muito bacana mesmo a iniciativa. Obrigada, querida.

Katielle, eu queria conversar um pouquinho com você. Conta pra gente sobre essa iniciativa da Coca-Cola em prol do empreendedorismo feminino para o pequeno varejo. Como surgiu essa iniciativa? Quais os impactos que podem ser percebidos até agora? Compartilha com a gente os aprendizados também. Muito bem-vinda.

Katielle Haffner

Obrigada, Margareth, obrigada a todo mundo. Muito feliz de estar aqui com vocês. Agradeço muito pelo convite. Acho que cada vez mais a gente tem que falar sobre mulheres dentro da cadeia de valor. Como que a gente faz para impactar, a gente como empresa privada, é parte da solução dessa questão de diversidade na nossa sociedade.

A gente começou essa jornada em 2011 como Coca-Cola global. A gente tinha um compromisso global que chama Five By Twenty, que era empoderar 5.000.000 de mulheres via nossa cadeia de valor. A gente atingiu esse objetivo em 2020 e agora a gente repensou, né? Falando muito sobre a cadeia de valor mesmo quando a gente fala de empregabilidade, quando a gente fala do número de pontos de vendas atendidos pela Coca-Cola, a gente pensava em cadeia de valor muito para trás, né? Muito no produtor rural, muito de quem está antes do nosso negócio. E hoje a gente pensa em cadeia de valor e valor compartilhado para frente, quem está à frente desse negócio. Quem faz a sua renda e, principalmente, as mulheres, arrimo de família. Então a gente pensa muito na cadeia de valor nessa perspectiva econômica, de impacto socioeconômico.

A gente viu com a pandemia aí a perda dos postos de trabalho formais. A gente vê muitas mulheres empreendendo por necessidade. Então a gente está fazendo um segundo passo do Five By Twenty, né? A gente conseguiu atingir aquela meta.

Eu adorei a fala da nossa colega aqui, que falou sobre intencionalidade. Eu acho que se a gente não tem intencionalidade nas ações, a gente não consegue os resultados. Então ter essas metas firmadas, ter compromissos públicos, acho que grandes empresas estão nesse lugar de fazer a diferença dessa forma.

Na pandemia, acho que reforçou esse ponto de como a gente ajudava as mulheres, né? Ainda mais em situação de desemprego, empreendendo por necessidade, desenvolver skills de capacitação. Então a gente abriu algumas turmas com alguns parceiros chaves. Hoje a gente entende também que a mudança ela não acontece sozinha, não parte só das organizações. Acho que tem um papel aí do poder público, da sociedade civil e também do setor privado. E aí com isso a gente conectou com o Sebrae, que é essa grande empresa aí que tem o know-how dos pequenos empreendedores, e a gente está fazendo o programa Empreenda como uma Mulher.

O Empreenda como uma Mulher tem o objetivo de capacitar e acelerar esses pequenos negócios que tenham a ver com alimentação. Então, as turmas são de 500 mulheres. O lançamento aconteceu em Porto Alegre. Foi a primeira turma que a gente abriu, eram 500 vagas. A gente conseguiu fechar o edital, né? Um edital com várias premissas. A gente fechou o edital em 2 dias.

Então, acho que o aprendizado aqui, ouvindo também ela falar, está muito nessa demanda reprimida, e eu acredito muito que esse programa é um 360, né? Ele não é só a capacitação, ele é a capacitação, mas também com benefício de aceleração de negócio. Essa mulher, ela precisa ter acesso a crédito, ela precisa ter acesso a outras ferramentas digitais para poder mudar o negócio dela, para poder acompanhar as tendências. Então, esse programa tem o objetivo de englobar todas essas questões.

Já no nordeste, a gente lança em Salvador o programa Meu Negócio é meu País, que vai capacitar e acelerar negócios de 650 mulheres, e aí muito ancorado na plataforma de comidas regionais de uma marca de guaranás que a gente tem, que é Kuat. Acho que as marcas também têm esse papel de mudar a vida das pessoas. Então, a gente está falando muito sobre isso, né? Sobre desenvolver a alimentação regional. A gente, durante o período da pandemia, a gente conectou com a associação das baianas do acarajé. Fizemos algumas ações, né? Era um momento em que elas não podiam ir para a rua trabalhar. A gente fez várias iniciativas lá com a dona Rita, que é a presidente da associação. E a gente continua nessa jornada.

Então, esse ano a gente ainda vai colocar esse programa em quatro outras cidades do Brasil. E a gente tem aí uma perspectiva de continuar impactando a vida dessas mulheres. Acho que é um pouco isso do que a gente vem fazendo assim.

Margareth Goldenberg

Tudo bom, Katielle. Muito obrigada por compartilhar. Encantador essas iniciativas. Muito bom, vou tentar acompanhar. Vai compartilhando notícias com a gente.

Katielle Haffner

Claro, obrigada, Margareth.

Margareth Goldenberg

Flávia, bem-vinda, muito bom ter você aqui com a gente. A gente sabe que um dos pilares de investimento da PepsiCo é o de prosperidade econômica, com várias iniciativas. Conta pra gente algumas delas. Como vocês estão atuando para expandir a empregabilidade, o acesso ao trabalho e o desenvolvimento profissional das mulheres? Bem-vinda.

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Flávia Schlesinger

Primeiro, eu queria agradecer o espaço e a oportunidade de podermos falar desse assunto, que é muito importante aqui. E eu acho a palavra prosperidade muito bem utilizada. Eu acho que as organizações precisam transformar o seu propósito social de geração de lucro para geração de prosperidade.

A PepsiCo, como é uma empresa de alimentos com marcas que são bem afetivas para o consumidor, nós buscamos e entendemos que o nosso consumidor precisa ser próspero e que nós, dentro da nossa organização, precisamos ter uma representação da diversidade, do que é o nosso consumidor. E por isso a gente apoia consistentemente a equidade de gênero e equidade racial, estimulando o desenvolvimento econômico e social das mulheres, tentando oferecer ferramentas para que as mesmas tenham oportunidades igualitárias, independente do gênero, dentro e fora da empresa.

Então, um dos projetos mais importantes que nós temos quando a gente fala de equidade de gênero é o Mulheres com Propósito, que é uma iniciativa global e que na América Latina a gente trabalha com a FUNDES. É um programa de resiliência econômica que, por meio de uma oferta de capacitação gratuita e mentorias, tem o objetivo de ajudar essas mulheres que estão muitas vezes em situação de vulnerabilidade, na preparação para o empreendedorismo e também inseri-las no mercado de trabalho ou prepará-las para inserção no mercado de trabalho. Nós iniciamos esse programa em 2018. Já certificamos mais de 1700 mulheres no Brasil e a meta é capacitar 12000 mulheres até 2025 em toda a América Latina.

Nós oferecemos quatro oficinas: "O meu plano de vida", que é muito voltado para viabilizar os objetivos e desenhar planos de ações em relação ao propósito daquela mulher, daquela empreendedora; "Planos de habilidades", que são as competências que essa empreendedora precisaria desenvolver para o seu desenvolvimento profissional ou do negócio; "Networking", como que ela cria networking em relacionamentos que viabilizem, né? Ela busca capital social, rede e conquista de clientes. E o último módulo é o de finanças, que aborda temas básicos que todo empreendedor precisa saber, como administrar, o giro de capital, precificação.

Quando as mulheres terminam essa capacitação, esses cursos, elas têm a oportunidade de participar de algumas sessões de mentoria individuais e personalizadas com funcionárias da própria PepsiCo. Eu, por exemplo, já fui mentora deste programa também, justamente na área relacionada a finanças. Além disso, as participantes também são convidadas para workshops de empregabilidade, técnicas de entrevista com times de talentos da PepsiCo e, ao final do encontro, todas são convidadas a participar dos processos seletivos que nós temos em aberto. Então, é um projeto que está muito perto do que é o propósito da PepsiCo.

E por isso também nós trabalhamos com o Instituto Rede Mulher Empreendedora, onde nós incluímos como beneficiário. Esse Instituto tem por objetivo gerar integração e capacitação e troca de conhecimento entre as mulheres. E essa iniciativa vai beneficiar até o final deste ano cerca de 40 mil mulheres por meio de ações virtuais que vão promover conhecimento, renda e autoestima. É um projeto muito bacana.

Margareth Goldenberg

Muito bom, Flávia, maravilhoso. Tem que inspirar mais e mais empresas a avançarem nesse sentido, né? Num país como o nosso, com os níveis de desigualdade, injustiça social, é o que a Katielle trouxe, a colaboração da iniciativa privada com o governo, associações também sem fins lucrativos, é fundamental. Essa união de esforços, inclusive para complementar com ativos de cada um desses setores. Eu fico muito animada de ver a possibilidade, inclusive, dessas iniciativas se multiplicarem e inspirarem outras empresas para poder avançar.

Eu queria ouvir um pouquinho mais vocês, com mais detalhes dessas iniciativas super bacanas que vocês relataram. E aí já aproveitem nas falas para se despedir aqui, que a gente já vai encerrando. Aí, depois dessas falas, vamos começar pela Emilene.

Emilene, conta um pouquinho como tem sido a inclusão dessas mulheres treinadas como eletricistas na ambiência da CPFL, né? A gente sabe que algumas das áreas e unidades são muito masculinizadas. Vocês têm feito o preparo e sensibilização com esses gestores que vão receber essas profissionais. Como tem sido o acompanhamento? E fala um pouquinho também sobre o futuro aí dessa iniciativa, por favor.

Trilha sonora

Emilene Esbrisse

Essa preparação é parte fundamental do projeto. Eu até aprendi isso com você. Se a gente trabalha atração e não trabalha a inclusão, a gente tem porta giratória. E é isso que a gente quer evitar. A gente quer que as mulheres continuem e inspirem novas mulheres a entrarem nessas funções também.

Então, o nosso trabalho tem sido com a liderança e também com alguns profissionais que a gente chama de padrinhos. A gente ainda não tem madrinhas, porque é um público ainda predominantemente masculino. Então esses são os dois focos de trabalho para a inclusão.
Tanto no treinamento das alunas, a gente tem um módulo que a gente aborda equidade de gênero, onde a gente trabalha com elas essa perspectiva de reconhecimento de que é um processo, de que aqui na nossa empresa isso é novo. E o que elas podem encontrar e como lidar também com as situações, quais são também os canais que elas podem acessar e pedir o suporte para essa entrada.

E com a liderança e os padrinhos, a gente tem feito também rodas de conversa, de preparação e muita coisa, Margareth, é um pouco de fantasma, sabe? É um pouco de medo, é um pouco de "nunca aconteceu". A gente tem pessoas com muito tempo de empresa e que nunca trabalharam com mulheres. Então, é algo realmente novo.

E a gente tem trabalhado essas rodas de conversa para discutir, colocar na mesa quais são os medos, os receios, como lidar e depois da contratação. Isso a gente tem feito já durante o curso, mas depois quando estas mulheres recebem propostas para serem efetivadas na empresa, a gente também faz um trabalho de acompanhamento aí nos primeiros 3 meses. Então, fizemos roda de conversa também com elas, padrinhos e líderes mais uma vez, e foi incrível, porque como a gente fez o bate-papo antes e fez depois, a gente pôde desconstruir na prática muita coisa.

Então, pelo menos a gente achou que elas têm dividido com a gente, o que é de fato desafiador. É uma função que não é simples. É uma função que tem seus desafios, inclusive de esforço físico em algumas situações, mas que também é uma função que é possível adquirir habilidade com o tempo. E isso vai fazendo com que o ambiente seja mais equitativo. E a gente tem trabalhado nessas rodas com a liderança, com os padrinhos, com esses feedbacks de que eles se surpreenderam, que mulheres têm se destacado nas funções, que elas têm agregado ao grupo. E aí não tem coisa melhor para se ouvir, porque é exatamente o que a gente disse lá atrás. Quando a gente começou que trazer mulheres para essa função não era uma questão só de ser legal, de ser justo. Era uma questão que era importante para o nosso negócio. E a gente tem percebido isso na prática. As mulheres têm agregado em aspetos de organização de segurança do trabalho, do clima, porque essa diferença que vem de estilos, de vivências, faz com que as pessoas tenham mais empatia, que as pessoas consigam lidar melhor umas com as outras enquanto grupo, independente de ser homem ou de ser mulher. Então tem sido uma experiência muito relevante nesse sentido.

Com esse sucesso, a gente tem crescido com as escolas. Então o nosso planejamento de 2022, a gente já formou três turmas este ano e já estamos com outras três turmas em andamento, então foram mais de 40 alunas formadas, algumas já efetivadas, já contratadas pela empresa, outras esperando a oportunidade. Cada escola que a gente faz é um feedback positivo. A gente vem quebrando paradigmas e é isso. A vivência vai mostrando como é a diversidade na prática.

Para fechar aqui a minha participação, agradeço mais uma vez o espaço e agradeço todo o suporte que esse aí que participação do Movimento tem sido também incrível para a gente enquanto empresa, os aprendizados, porque ninguém está pronto, nenhuma empresa está pronta, está todo mundo caminhando e quando a gente tem esse espaço para dividir e compartilhar os aprendizados, a gente acelera a jornada, o que é bom para a sociedade como um todo.

Margareth Goldenberg

Obrigada. Muito obrigada, Emilene. Dá muito orgulho mesmo acompanhar essas iniciativas.

Queria conversar com a Katielle. Conta só um pouquinho mais de detalhes sobre os planos aí de futuro dessa iniciativa. E também já deixa umas palavrinhas e um recado para as nossas ouvintes e ouvintes, lembrando que a maior parte dos nossos ouvintes são de empresas que estão ainda em passos iniciais na jornada de diversidade e inclusão. E nós discutimos para que se inspirem e acelerem essa jornada. Então, deixa também um recado aqui para nós, por favor.

Katielle Haffner

Então, os próximos passos é como eu falei, a gente está lançando agora em Salvador, que a gente lança o programa lá, lança o edital. A gente tem uma plataforma que é um hub, Coca-Cola dá um gás no seu negócio. Todos os empreendedores encontram informações sobre ferramentas práticas, como acelerar seu negócio, dicas, enfim, acho que uma infinidade de conteúdos de um jeito muito simples e fácil de aplicar na prática. Mas isso a gente está falando para as empreendedoras, para quem está atuando na ponta, as donas de bares, restaurantes, as mulheres que fazem comida em casa. Enfim, então acho que dentro desse projeto aí, como eu falei, a gente tem mais quatro capitais ainda para lançar esse ano, com 500 mulheres por cidade.

Eu acho que a gente atua, acho que teve algumas falas aqui. A gente atua tanto para dentro quanto para fora. Eu acho que é o programa que eu trouxe. É muito de empreendedorismo na base da pirâmide. A gente sabe que a pirâmide do Brasil, quem está nessa base são as mulheres negras e pardas que são as que mais sofrem aí com a desigualdade social, que justamente geralmente são arrimo de família, que fazem a diferença nas suas comunidades. E eu acho que o que a gente está provocando aqui é uma inclusão do ponto de vista socioeconômico.

Acho que a gente passou por dois anos aí, intensos, onde a gente teve que trabalhar com ferramentas mais filantrópicas. Acho que o contexto da fome no Brasil também é nos levou para esse lugar de temos que ajudar de alguma forma. Temos que fazer filantropia para espancar o sangue. Mas eu acredito muito na inclusão econômica, eu acredito muito na gestão de oportunidades, eu acredito muito que acho que tem, né? A dona Carmem Virgínia, que quer uma cozinheira aí muito renomada do Brasil e tá como embaixadora desse projeto com a gente. E ela fez uma fala muito feliz que ela disse assim, não adianta você ser bom numa coisa, você fazer um bolo muito bem, você fazer um brigadeiro muito bem, porque tem outras coisas que fazem o teu negócio não andar.

Então eu acho que promover essas capacitações, mas dando ferramentas práticas também, para além das mentorias e capacitação, conectando com crédito, conectando com digitalização, com ferramentas que a pessoa realmente possa ter aplicabilidade é fundamental. Então eu fico muito orgulhosa desse programa, do que a gente está construindo, e acho também que a rede de apoio entre essas mulheres me deixa muito feliz. Assim, quando você vê, né, 500 mulheres juntas que sofrem das mesmas dores e que às vezes não tem com quem compartilhar. E elas encontram nesses programas uma forma de se conectar de maneiras genuínas. Então eu vejo muito potencial.

Acho que essa jornada, a nossa jornada de equidade de gênero, ela é uma jornada coletiva enquanto a gente se apoiar, enquanto mulheres, a gente pode chegar mais longe. Então eu acho que esse programa me dá muito orgulho nesse sentido.

Você pediu uma mensagem aí para os colegas das empresas, acho que a grande mensagem é comecem, setem targets. Acho super importante ter metas, acho super importante ouvir, ter uma escuta ativa, porque às vezes a gente fica muito autocentrado e a gente não está ouvindo os pontos de dor, tanto das mulheres que estão dentro, e desmistificar. Acho que trazer essa sensibilização. A gente não vai mudar a agenda sozinha. A gente precisa dos homens como aliados. Acho que os últimos acontecimentos aí no Brasil reforçaram para a gente esse ponto dos homens se posicionando, os homens como aliados.

Então acho que para as mulheres aqui, vamos nos fortalecer em rede, para os homens sejam aliados, né? Eu acho que esse ponto de dúvida, Ah, se a mulher tem capacidade, desmistificar, eu acho que a gente já deixou isso para trás. Então eu acho que agora é o momento dos homens se posicionarem também e comprarem essa agenda como uma agenda que vai beneficiar a sociedade como um todo. A equidade de gênero, ela não beneficia só as mulheres.

Margareth Goldenberg

Muito obrigada por isso, Katielle, por essas dicas preciosas. É o melhor para as pessoas, para a sociedade e para os negócios, equidade de gênero. É o correto e o certo a se fazer. Gostei bastante das dicas e acho que essa questão do engajamento dos homens na temática, apesar da gente debater bastante, ainda é um desafio muito grande. A gente programa aí outros encontros também para aprofundar essa questão.

Queria ouvir agora a Flávia. A gente está falando aqui da base da pirâmide, não é? A gente sabe que a questão de gênero ela se intensifica, as barreiras estruturais e culturais se intensificam quando a gente sobrepõe marcadores identitários. Então, nós, mulheres brancas, temos os desafios para essa promoção da equidade, para o empoderamento, mas com certeza, mulheres negras mais ainda. Se a gente for juntar outros marcadores, mais ainda. E eu sei que a PepsiCo se preocupa muito com esse olhar interseccional para todas as mulheres. Conta um pouco da iniciativa que vocês têm feito para fortalecer o empreendedorismo negro junto com Preta Hub. Conta um pouquinho pra gente, por favor.

Flávia Schlesinger

Obrigada pelo espaço para falar sobre isso também. Realmente nós entendemos que temos que ser totalmente interseccionais para conseguir gerar essa prosperidade que falamos no começo. A gente também investe em outros projetos que não são exclusivos para o público feminino, mas que neste grupo acaba tendo muitas mulheres, como é o caso do hub de criatividade e tendências pretas, que é o Preta Hub.

Nós apoiamos e investimos no Preta Hub. Ele mapeia o empreendedorismo no Brasil e atua como acelerador e incubador de negócios negros, né? E também nós temos uma iniciativa muito legal, que é a iniciativa Lift, que é uma ação afirmativa em prol da igualdade racial, onde nós oferecemos o ensino da língua inglesa e mentoria de carreira para estudantes universitários negros e negras de baixa renda.

Eu gostaria também de agradecer esse espaço, porque eu acho que compartilhar esses programas, as dificuldades, né, que nós temos em implementá-los, a necessidade de acelerar é muito bacana. E que a gente possa gerar conhecimento para que mais empresas realmente intensifiquem seus esforços em relação a isso.

Acredito que como executiva financeira, aquela que olha para o resultado e que olha para os gastos, eu queria falar para os meus colegas das empresas que estão iniciando que é um investimento que realmente traz retorno. E traz retorno, porque nós investimos na sociedade, nós geramos prosperidade e naturalmente o acionista das nossas empresas também compartilhará dessa prosperidade.

Uma prosperidade onde todos ganhamos. Então, obrigada a vocês por darem luz e colocarem holofote nestes temas e por darem oportunidade de compartilharmos aqui este espaço com as minhas colegas aqui da Coca e da CPFL.

Margareth Goldenberg

Muito obrigada, Flávia, foi um prazer imenso ouvir todas vocês.

Você falou aí essa sua última frase, eu me lembrei de uma crença minha que eu repito sempre, né, é empresa nenhuma vai dar certo numa sociedade que não dá certo. Se as pessoas não derem certo e prosperarem, nenhuma empresa vai dar certo nesse solo. Nós precisamos das pessoas e da sociedade dando certo, então essa conexão, inclusive poderíamos colocar também um ambiente, né?

Essa conexão entre pessoas, negócios, meio ambiente é uma coisa única. A gente teve provas aí com pandemia, agora com guerra. O quanto nós estamos interligados, por mais que a gente ache que nós estamos isolados em países, em muros de empresa, nós somos todos uma coisa única. A gente precisa fazer tudo isso dar certo, ser bom para as pessoas, para a sociedade, para o negócio. Super obrigada pela presença de todos vocês.

Foi um prazer ouvir e aqui encerramos mais um episódio do MM360Cast. Esperamos compartilhar conhecimento relevante e práticas inspiradoras para transformar seu ambiente de trabalho em um local inclusivo e com oportunidades para todas e todos.

Queremos cada vez mais que pessoas e empresas se sintam incentivadas a promover a equidade de gênero e seria muito bacana ouvir a sua opinião. Mande sua mensagem nos nossos canais, nas redes sociais ou pelo e-mail contato@movimentomulher360.com.br e compartilhe com seus amigos e com suas amigas.

Obrigada por nos acompanhar nesta jornada.

Trilha sonora